Resumo

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Os sentidos do Museu Florestal "Octávio Vecchi"

Paulo Andreetto de Muzio

Orientador(a): Eduardo Roberto Junqueira Guimarães

Mestrado em Divulgação Científica e Cultural - 2020

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - M988s


Resumo:
Este trabalho visa compreender como a divulgação científica significa no Museu Florestal “Octávio Vecchi”, espaço vinculado a instituição pública de pesquisa e conservação do estado de São Paulo e inaugurado em 1931, com a missão de divulgar a ciência da silvicultura. Utilizando a Análise de Discurso, associada à História das Ideias, analisamos textos do arquivo da instituição das décadas de 1930 e 1940. O Museu surge na transição entre o modelo patrimonialista de administração pública e o novo modelo burocrático, proposto na Era Vargas. Nosso corpus é marcado por regularidades que evocam tensões como a dicotomização entre interesses públicos e privados e o silenciamento das gestões anteriores, que na relação com a colonização e o discurso hiperbólico das instituições reverbera no discurso da ciência. A silvicultura funciona pelos efeitos do discurso fundador como uma ciência nova no Brasil. O imaginário produzido sobre o cientista silvicultor é marcado pelo colonialismo, pela imigração e pelo nacionalismo. Há o apagamento do negro e do indígena, bem como das práticas das populações tradicionais. A figura do cientista remete ao homem branco. O corpus produz efeito de que a cidadania brasileira somente é possível por meio de uma ciência estrangeira. O funcionamento discursivo da e sobre a silvicultura remete ao utilitarismo e à dicotomia entre o valor das florestas para a coletividade (serviços ambientais) e sua utilidade para o indivíduo (econômica, pela exploração). Regularidades como os discursos militar e religioso marcam o apagamento do político no discurso sobre a silvicultura, evidenciando o ordenamento natural em relação a modelos hierárquicos, no qual cientista e ciência são apresentados como autoridades. Artigos científicos e textos de divulgação ora são representados em posições hierárquicas distintas, ora em igualdade. O efeito de legitimidade nos textos de divulgação, assim como nos objetos e obras de arte, se dá pela presença do cientista no gesto de autoria. A figura do divulgador, quando não atrelada à do cientista, aparece em nosso corpus como propagandista e funciona como sinônimo de capitalista. Os interlocutores são divididos de acordo com suas posições sociais e a divulgação científica da silvicultura textualiza em diferentes plataformas para atingir esses públicos diversos. Na relação com o pequeno lavrador, a divulgação científica funciona como simplificação do discurso científico, atendendo à demanda de governo de universalização dos serviços públicos. A silvicultura representa ferramenta de supressão de déficit de informação e inserção no mercado para efetivação da cidadania.

Palavras-chave: Divulgação científica - Brasil; Museus de ciência; História ambiental; Meio ambiente; Ciência - História

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