Resumo: Em El rey Gallo, Francisco Santos emula, para seus propósitos, os achados e usos poéticos, filosóficos e retóricos dos sábios cínicos. Identificamos as semelhanças e as diferenças entre seu colóquio e a tradição da sátira menipeia, particularmente luciânica, dentro do contexto espanhol do século XVII. Para tanto, precisamos os principais traços da filosofia cínica não só no aspecto doutrinal, mas também nos tipos humanos que a representam e nos procedimentos literários que utiliza. Há neste diálogo de Santos um cristianismo de tendência cínica que se expressa no agon entre a Formiga plebeia e o rei Galo, na defesa da vida simples, respeitosa das necessidades naturais e do trabalho, tendo como modelo os animais e a renúncia a tudo que há de servidão no conceito de honra, atitude que se desdobra na absorção da política pela ética.
Palavras-chave: Santos, Francisco, ca. 1617-ca. 1700. El rey gallo y discursos de la hormiga viage discursivo del mundo y ingratitud del hombre; Sátira menipéia - Espanha; Cinismo; Poética; Retórica