Resumo

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Deus nunca me abandonou : uma leitura de Miserere, de Adélia Prado

Julia Maria Terra Mariano

Orientador(a): Marcos Aparecido Lopes

Mestrado em Teoria e História Literária - 2020

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - M337d


Resumo:
Este trabalho de pesquisa versa sobre a mais recente obra de Adélia Prado, Miserere, cuja publicação se deu no ano de 2013.Partindo de uma leitura de poemas selecionados, buscamos desenhar as temáticas mais recorrentes e essenciais à apreensão da composição poética particular ao livro, destacando o que lhe é mais central. A priori, o título já carrega consigo muito do sentido dos versos, remontando ao caráter de prece: o miserere nobis, recorrente nos rituais católicos, transborda os limites da religião e permite uma apreensão da humanidade enquanto comunidade que experiencia as alegrias e dissabores da vivência terrena. Diante deste panorama, a voz do poema clama, em seu nome e em favor dos demais integrantes desta coletividade, por Misericórdia, atributo divino relacionado à compaixão, ao auxílio e ao cuidado relacionados a um sentido redentor, além de figurar como auxílio ao cotidiano das vivências que, não raramente, mostra-se custoso. Assim, a prece perpassa todo o livro, num gesto litúrgico, aqui assumido como um fazer poético que traz à baila as relações com o Divino e de traços Sacramentais, já que seu cerne está no Mistério e em sua presença. Partindo destes pressupostos a pesquisa constrói-se como um percurso no qual serão analisadas cada uma das seções, a fim de destacar os fios condutores temáticos em cada uma delas. Em Sarau, é a vida que se coloca em palco, por meio de memórias vívidas e capazes de gerar profundas reflexões existenciais. Homônima ao livro em estudo, Miserere: a súplica por excelência, com sua simbologia da cruz e proximidade da morte, enxergada na dubiedade de ausência e encontro eterno. Após a tempestade, pacificação e encontro em Pomar, cujos versos são repletos de cores e, sobretudo, sabores, manifestações da presença corpórea do Sagrado na vivência: o Deus silencioso que demonstra sua presença por meio das suas criaturas. Por fim, no forte poema apocalíptico, Aluvião está a entrega completa de si junto do reconhecimento do pecado como possiblidade de Graça e aproximação. Longe de esgotar sentidos ou desvendar a obra, buscou-se oferecer um percurso possível de leitura, a partir do olhar atento às composições poéticas, com especial atenção aos recursos poéticos empregados, os dizeres e os silêncios, as escolhas lexicais, os possíveis diálogos bíblicos, e os caminhos possíveis de interpretação, relacionando-os a eixos condutores de sentido. Em suma, observou-se uma escrita que muito se aproxima da mística, no sentido de comunhão profunda e apaixonada pela Face Sagrada, num convite à contemplação das manifestações cotidianas que permitirão ao eu-lírico confirmar: Deus nunca me abandonou.

Palavras-chave: Prado, Adélia, 1935-. Miserere : poemas; Poesia brasileira; Sagrado

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