Resumo: Este trabalho tem como objeto de estudo a página Feminismo sem Demagogia – Original. Essa escolha justifica-se pela relevância, dentro do Facebook, da página, a qual é demonstrada através da quantidade elevada de curtidas, estando entre as páginas feministas com maior audiência do Brasil e sendo a com maior audiência dentro da vertente do feminismo marxista. Além disso, a página é bastante ativa, tendo postagens diárias. Ademais, outro ponto que reforçou a escolha do movimento feminista representado nas redes sociais foi a ideia de Castells (2013) de que o poder é também exercido pelas redes e esse se estabelece, primordialmente, pelo poder da comunicação. Com base nisso, temos como objetivo analisar como recursos de natureza textual-discursiva auxiliam na compreensão do pertencimento da página Feminismo sem Demagogia - Original ao campo político. Para isso, como definição de campo político, seguimos a conceituação de Bourdieu (2011), o qual o caracteriza como um microcosmo em que o agente profissional deve ter o habitus político, conhecendo a linguagem própria do campo, e ser porta-voz de determinados grupos com base na defesa de ideias-força. A partir desse objetivo geral, seguimos alguns objetivos específicos: (i) analisar como o tópico discursivo ajuda a caracterizar a página Feminismo sem Demagogia – Original como pertencente ao campo político e a analisar como esse pertencimento se sustenta no Facebook; (ii) analisar a página Feminismo sem Demagogia – Original como um ator social político; (iii) identificar os atores sociais que compõem a página e analisar suas relevâncias para o estudo; (iv) analisar os supertópicos e os principais quadros tópicos dos textos selecionados; e (v) examinar como o recurso linguístico do tópico discursivo é essencial para que se sustente a tese de que a página Feminismo sem Demagogia – Original pertence ao campo político. Para, então, concretizar essa pesquisa, escolhemos constituir o corpus com base na coleta de postagens durante um mês. Delimitamos a data de coleta de 11 de março de 2019 a 11 de abril de 2019 e, a partir dessa seleção, o corpus foi constituído por 95 textos. Com base nas análises desses, pudemos perceber que, por conta da maior horizontalidade presente nas relações das redes sociais, diversos assuntos surgem nos tópicos, os quais podem ser divididos em quatro grandes eixos temáticos, tais quais: (i) violências contra a mulher; (ii) assuntos sociopolíticos dos feminismos; (iii) saúde das mulheres; (iv) assuntos relacionados ao eixo do feminismo marxista. Nesses tópicos, também foi percebida a presença de diversas ideias-força, as quais são defendidas com base no postulado de que a fala é uma modalidade de ação (HANKS, IDE & KATAGIRE, 2009). Outrossim, foram notadas as diferentes tomadas de posições dos atores sociais dentro do campo, que são o norte para entendermos o discurso e as ações de cada ator dentro do campo político, e a construção de uma self-fulfilling prophecy coletiva e polifônica, uma vez que o poder de voz e o poder de ser porta-voz é muito importante, podendo ser considerada uma illusio por parte do ator social político analisado.

Palavras-chave: Política; Feminismo; Análise do discurso; Redes sociais