Resumo

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O papel da informação de fronteiras prosódicas para a compreensão de sentenças stripping por crianças adquirindo o francês e o português brasileiro

Letícia Schiavon Kolberg

Orientador(a): Maria Bernadete Marques Abaurre

Doutorado em Linguística - 2020

Nro. chamada: TESE DIGITAL - K831r


Resumo:
Que tipo de informação as crianças podem usar para atribuir estrutura sintática às sentenças que ouvem? A prosódia frasal tem sido proposta como um tipo de pista crucial, já que ela se correlaciona à estrutura sintática, e, além disso, crianças são sensíveis à informação prosódica desde os primeiros meses de vida (HIRSH-PASEK ET AL., 1987). No entanto, ainda há poucos estudos investigando a habilidade de crianças em usar a informação prosódica para restringir a análise sintática, sendo que alguns fornecem evidência positiva (DE CARVALHO ET AL., 2016; DAUTRICHE ET AL., 2014) e outros não conseguem observar essa habilidade em crianças de até seis anos (SNEDEKER & TRUESWELL, 2001; CHOI & MAZUKA, 2003). Esta tese tem como objetivo investigar a habilidade de crianças pequenas em analisar um tipo de sentença ainda não estudada para esse propósito: sentenças "stripping" (um tipo de elipse de Sintagma Flexional) com o advérbio "aussi" ("também") tal como "Le tigre mange ! Le dinosaure aussi !" ("O tigre come! O dinossauro também!"). Se as pistas prosódicas que indicam uma fronteira entoacional e sintática entre o verbo e o segundo nome forem removidas, essas sentenças não podem ser distinguidas de sentenças transitivas como "O tigre come o dinossauro também". Nós realizamos três experimentos de Olhar Preferencial. No Experimento 1, investigamos se crianças francesas e brasileiras de 3 a 4 anos e 28 meses conseguem distinguir sentenças "stripping" de transitivas simples contendo verbos conhecidos em um contexto ambíguo (e.g. dois vídeos exibidos lado a lado, um mostrando um tigre comendo um dinossauro, e outro mostrando o dinossauro e o tigre comendo um pato). Os resultados mostram que as crianças francesas e brasileiras de 3 a 4 anos interpretam as sentenças "stripping" diferente das sentenças transitivas simples baseando-se em suas diferenças prosódicas. O Experimento 2 testou a habilidade de crianças francesas de 30 a 42 meses em distinguir essas sentenças com verbos desconhecidos na ausência de contexto visual simultâneo. As crianças ouviam diálogos contendo sentenças "stripping" ou transitivas com um verbo inventado, e depois viam duas possíveis interpretações para o verbo: um vídeo mostrando uma ação causal (i.e. uma menina balançando a perna de outra menina), e um vídeo mostrando uma ação intransitiva (i.e. uma menina rodando seu próprio braço). Os resultados mostram que as crianças não conseguiram explorar a informação prosódica para interpretar corretamente as sentenças "stripping". O Experimento 3 investigou se crianças francesas de 3 a 4 anos entendem a condição de identidade por trás das sentenças "stripping", isto é, se quando ouvem uma sentença como "O tigre tá comendo! O dinossauro também!", elas sabem que o dinossauro também está comendo, e não realizando outra ação. Apresentamos as sentenças "stripping" às crianças juntamente com dois vídeos, um mostrando os dois personagens realizando a ação nomeada, e outro em que o primeiro personagem realiza a ação nomeada, mas o segundo realiza uma ação nova. Nossa hipótese era que as crianças entendem a condição de identidade por trás das sentenças "stripping", e então olhariam por mais tempo para o vídeo em que ambos os personagens realizam a mesma ação. Os resultados preliminares mostram apenas uma tendência não-significativa na direção esperada; discutimos possíveis razões metodológicas e teóricas para isso.

Palavras-chave: Psicolinguística; Aquisição de linguagem; Gramática comparada e geral - Elipse; Língua portuguesa - Prosódia

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