Resumo: O infinito pessoal no português tem sido estudado desde sua origem, sendo O infinito flexionado português, de Maurer Jr. (1968), a obra de maior fôlego sobre o assunto. Esta pesquisa contribui para a temática ao investigar o infinito pessoal na língua portuguesa à luz da Abordagem multissistêmica da Língua, através de análises qualitativas de dados diacrônicos (cartas particulares, de leitores e oficiais dos séculos XVIII, XIX e XX) oriundos do corpus do Projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB) partindo, por convenção analítica, da sintaticização. A Abordagem multissistêmica, proposta por Castilho desde 1998, tendo sua formulação mais recente em Castilho (2020), identifica, organiza e caracteriza quatro sistemas envolvidos simultaneamente na produção de qualquer expressão linguística: a Gramática, o Léxico, a Semântica e o Discurso. Eles são independentes uns dos outros, no sentido de que não há relações de dominância entre eles, mas operam simultaneamente obedecendo a um princípio de harmonia intersistêmica. Como recorte metodológico, adotamos o subsistema da Sintaxe como ponto de partida para a manifestação multissistêmica do infinito. A Abordagem multissistêmica se filia aos estudos que concebem a língua como um sistema complexo e que entendem que as categorias linguísticas, em seus processos e produtos, como parte do conhecimento linguístico dos falantes, sendo coerente com a perspectiva cognitivista-funcionalista aqui também adotada. Através dessa abordagem, jogamos luz no estatuto categorial do infinito pessoal, nas delimitações desse infinito que incluem e extrapolam as marcas gramaticais de pessoa, nos diferentes lugares que ele ocupa no sistema da Sintaxe e no caráter subordinado desse infinito nas ocorrências do corpus.

Palavras-chave: Linguística; Gramática; Língua portuguesa - Sintaxe; Infinitivo