Resumo: Este estudo propõe uma apreciação dos prólogos das seis comédias legadas pelo poeta romano Públio Terêncio (Publius Terentius, 185-159 a.C.), a saber Andria (166 a.C.), Hecyra (165, 160 a.C.), Heautontimoroumenos (163 a.C.), Eunuchus (161 a.C.), Phormio (161 a.C.) e Adelphi (160 a.C.). Considerando os prólogos não como pura informação referencial, factual, sobre o contexto do espetáculo, mas já enquanto parte da ilusão dramática, de um lado, investigamos de que modo se dá a integração entre os prólogos e a ação das respectivas peças. De outro, observamos a necessidade de se rever o modo como se interpreta as referências nos prólogos terencianos ora quanto às condições teatrais da época (por exemplo, o estatuto do poeta, do espectador, do ator em Roma antiga), ora sobre uma poética imanente inferível do texto terenciano, que envolve elementos tais como sua concepção de ineditismo ou “originalidade”. Para refletir sobre tais momentos de transição entre o mundo dos espectadores e o mundo da ficção das peças, como metodologia procurou-se evidenciar nos versos prologais tanto os aspectos poéticos e retóricos empregados em sua elaboração, quanto a função de sua metapoesia. Como resultado, constata-se que, também em Terêncio, tal a função poética do prólogo tem impacto não apenas sobre a interpretação de pontos-chave de cada uma das peças, como ainda sobre a atual imagem da poesia terenciana e do teatro romano antigo como um todo.
Palavras-chave: Terêncio, 185-159 a.C; Comédia romana; Prólogos; Metalinguagem