Resumo: Apesar de distantes pela história, geografia e pela tradição literária que os con-forma, Elio Vittorini e Juan Rulfo compartilham o mesmo mundo costurado pela modernidade e pela afirmação cada vez mais categórica do modo de vida urbano. Ambos, como dois imigrantes que saíram de seus povoados para as grandes cidades, sentiram na pele essas transformações, utilizando seus textos como o lugar de reflexão crítica acerca dos descompassos e contradições de um curso da história que, ao contrário, se demonstra enquanto emancipador, progressivo e racionalmente compreensível. Esta tese traça a sensibilidade ético-política desses dois escritores em relação à leitura que fazem acerca da modernidade, ressaltando as diferentes tradições literárias com as quais eles dialogam. Analiso como os rumores são incorporados na escrita de Conversazione in Sicilia (1942) e Pedro Páramo (1955) e operam enquanto crítica radical da ordem do legível. A partir do conceito de escuta de Jean Luc Nancy (2014), demonstra-se que a inclinação à escuta desses rumores possibilita o questionamento do regime de representação e, mais especificamente, problematiza as narrativas que sustentaram o regime fascista na Itália e o desenvolvimentismo pós-revolucionário no México.
Palavras-chave: Vittorini, Elio, 1908-1966. Conversazione in Sicilia; Rulfo, Juan, 1918-1986. Pedro Páramo; Rumores; Literatura italiana; Literatura mexicana