Resumo

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No curso do silêncio, do espaço e do tempo : status significante

André Silva Barbosa

Orientador(a): Eni de Lourdes Pulcinelli Orlandi

Doutorado em Linguística - 2020

Nro. chamada: TESE DIGITAL - B234n


Resumo:
Nosso principal objetivo, foi apreender teoricamente edificações arquitetônicas (como uma casa, uma rua, um bairro, etc.) enquanto formas materiais, práticas discursivas: discurso que se materializa no espaço, mas que, ao fazê-lo, se constitui ainda nas instâncias do silêncio e do tempo. Para isso, partindo do nosso campo disciplinar, a análise de discurso – cujas bases foram desenvolvidas por Michel Pêcheux, na França, e por Eni Orlandi, no Brasil – em diálogo com autores da geografia, elencando noções como “espaço” e “lugar” (YI-Fu Tuan), nos propusemos a apreendê-las em uma relação com o “silêncio fundador” e a “linguagem” (Orlandi). Tais reflexões, nos levaram a estabelecer conceitos próprios, de “espaço continuum” e de “status significante”: o primeiro definido por nós como “a matéria espacial por excelência”, a possibilidade absoluta para o dimensionamento e o movimento de sujeitos e objetos pelo espaço; o segundo como “a materialidade específica do recorte do continuum espacial”, o enquadramento significante que determina as práticas no espaço. Considerando novamente o espaço e as edificações arquitetônicas em paralelo com o silêncio e a linguagem, desta vez pela relação destes com o “aevum” e o “tempus” (São Tomás), tal como trabalhada por Orlandi, apreendemos ainda o espaço continuum e o status significante em ligação com o continuum temporal e o tempo marcado. Entre discussões teóricas e análises, formulamos a nossa compreensão sobre como uma edificação arquitetônica, isto é, um conjunto de mecanismos formais composto por materiais (como concreto, asfalto), formas (retas, curvas), tamanhos (altura, extensão), localização (coordenada X, Y) e orientação (direção Norte, Leste): se constitui em uma materialidade tripla, feita de “constructio” (conjunto de mecanismos formais), de “linguagem” (inscrição desses mecanismos na história, constituição deste conjunto pela memória discursiva) e de “tempus” (efeitos de sentidos de tempo, produzidos pela linguagem singular do status); irrompendo, simultaneamente, no espaço, no silêncio e no tempo, enquanto status, determinando o movimento de sentidos, sujeitos e objetos, no batimento entre continuum e clivagem, curso e discurso. Esta abordagem, nos possibilitou realizar outro objetivo amplo: analisar determinações das maneiras de construir edificações arquitetônicas em variadas épocas e sociedades. Primeiramente, tratamos de status constituídos na antiguidade, sob a determinação do “processo discursivo dominante” (Pêcheux) que nomeamos como cosmológico/religioso, considerando os sentidos prevalescentes em seus “domínios semânticos”. Por fim, analisamos as principais formas de produzir status no “estado” atual das “condições de produção”, as quais, dadas de acordo com o processo discursivo capitalista, predominante nos dias de hoje, são determinadas por sentidos como os de maximização de lucros, intensificação da circulação e potencialização da velocidade. Compreendemos ainda que este modo dominante de constituir status e de determinar o fluxo espacial-semântico-temporal atualmente, no âmbito da cidade, é realizado pelo que Orlandi conceitua como “organização urbana”, pelo “discurso (do) urbano”: assim, o concebemos como “mobilidade (urbana)”. Por outro lado, entendemos que as determinações e as práticas de deslocamento no espaço, no silêncio e no tempo, que (r)existem na contemporaneidade, são produzidas pelo que a autora coloca como “ordem”, pelo “discurso da cidade”: por isso, os definimos como “movimento (da cidade)”.

Palavras-chave: Análise do discurso; Espaço (Arquitetura); Silêncio; Tempo; Cidade

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