Resumo: A família Jê, uma família linguística brasileira, representaria um ramo mais recente do tronco linguístico Macro-Jê que teria se separado supostamente há uns 3 mil anos ou mais, tendo em vista as semelhanças internas entre as línguas Jê encontradas atualmente (URBAN, 1992). O presente trabalho se propõe a analisar diferenças e semelhanças linguísticas e culturais entre três ramos das línguas Jê, mais especificamente, pretende-se comparar traços linguísticos e características culturais do ramo Jê Meridional (línguas e culturas Kaingang e Xokleng) com culturas e línguas dos ramos Central e Setentrional da mesma família, com a finalidade de elucidar algumas questões até hoje não esclarecidas – ou, sequer, tratadas – na linguística (e, ao que parece, também na antropologia): de onde proviriam os Jê Meridionais? Estariam, cultural e linguisticamente, mais próximos dos Jê Centrais (dos quais estão mais próximos geograficamente) ou dos Jê Setentrionais? Para responder essas perguntas foram escolhidos elementos linguísticos (aspectos da fonologia, morfologia, semântica e sintaxe) e culturais (tecelagem, cerâmica, agricultura, narrativas míticas) para análise comparativa. Após a escolha desses elementos, são analisados pontos de contato e distanciamento tanto na língua como na cultura dos povos Jê Meridionais (Kaingang e Xokleng) com respeito aos povos Jê Setentrionais (Krahô e Apinajé) e Jê Centrais (Xavante e Xerente).
Palavras-chave: Línguas jê; Tronco linguístico macro-jê; Índios da América do Sul - Brasil - Línguas; Linguística antropológica