Resumo: Partindo da análise da recepção empreendida por Haroldo de Campos sobre a obra de Oswald de Andrade, a tese discute de que forma — ou melhor, de quais formas — tal leitura se integra ao projeto crítico-poético haroldiano em sua vertente revisionista, isto é, naquela em que o autor questiona a tradição literária e investe numa releitura do cânone tomando a história a contrapelo. Para isso, se reconstrói, procurando recuperar a historicidade do diálogo entre os poetas, a narrativa crítica dispersa nos prefácios e estudos introdutórios que o concretista produziu, em especial, para as reedições da obra oswaldiana nos anos de 1960, mas que também possui desdobramentos verificáveis em manifestos e outros ensaios de períodos distintos. O caminho percorrido no trabalho engloba desde a inserção de Oswald no paideuma da poesia concreta até a sua presença nas discussões acerca do Barroco que o poeta-crítico levanta nos anos de 1980. A hipótese norteadora foi a de que, neste jogo dialético do revisionismo, Haroldo de Campos, enquanto leitor interessado de Oswald de Andrade, incorporou à sua práxis crítica concepções construídas por meio do próprio processo de revisão do Antropófago, que, ao fim, é convertido em importante dispositivo para “re-pensar” a tradição e a historiografia literária nacional e até mesmo a latino-americana.
Palavras-chave: Campos, Haroldo de, 1929-2003; Andrade, Oswald de, 1890-1954; Literatura Brasileira - História e crítica