Resumo: Esta pesquisa se debruça sobre as crônicas mundanas assinadas por José Antônio José, um dos pseudônimos adotados por Paulo Barreto, na Revista da Semana em 1916. A partir do conjunto de seus textos publicados nesta revista ilustrada, procuramos responder às seguintes questões: que modelo narrativo foi emprestado à imprensa internacional? como a assinatura de José Antônio José ajudou a construir a representação literária de um imaginário do Rio de Janeiro mundano. Para respondê-las, a análise se desenvolveu em torno de dois eixos centrais: uma investigação sobre a circulação de modelos narrativos e um estudo de caso sobre as crônicas mundanas. No primeiro eixo, investigamos as características dos suportes em que as crônicas mundanas foram veiculadas, mapeando aspectos tipográficos e temáticos de duas revistas ilustradas que circulavam na capital brasileira na década de 1910: Revista da Semana (Brasil) e Femina (França), pensadas na perspectiva da civilização do jornal. Tendo em vista o suporte e as características adquiridas pelo gênero no contexto brasileiro, averiguamos a sua especialização à luz do exame da figuração autoral de José Antônio José, com a finalidade de compreender a dinâmica de circulação de modelos narrativos e as suas apropriações. Essa incursão resultou na constatação de um posicionamento poético que tem efeitos de sentido na produção literária examinada. No segundo eixo, o estudo das crônicas compiladas na coluna “A Semana Elegante” se subdividiu em duas partes, organizadas de acordo com a temática: a primeira delas trata da representação literária das práticas mundanas, enquanto a segunda aborda mais especificamente a figuração das viagens na escrita de José Antônio José. O conjunto de crônicas permitiu averiguar a maneira pela qual se construiu, no âmbito da cultura midiática, uma representação literária dos espaços públicos de lazer e das práticas burguesas de distinção social. Por meio da análise poética da mundanidade, espera-se demonstrar que a crônica de João do Rio esteve em sintonia com os símbolos da primeira República, uma vez que contribuiu para a criação imaginária da nova sociabilidade, vinculando a noção de vida elegante ao ideal de modernidade que se instaurava no Rio de Janeiro em 1916.
Palavras-chave: Crônicas; Modelos Narrativos; Imprensa; Imaginários Urbanos; Belle époque