Resumo

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Internacionalização, hospitalidade e ideologia : por um protocolo de acesso, acolhimento e acompanhamento

Rubens Lacerda de Sá

Orientador(a): Érica Luciene Alves de Lima

Doutorado em Linguística Aplicada - 2020

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Sa11i


Resumo:

Na contemporaneidade, o vocábulo mobilidade é metamórfico, múltiplo e sincrético. Para Blommaert (2010), uma de suas aplicações na atualidade refere-se ao trânsito migratório intenso e gerador de contatos diversos. Vertovec (2007) categorizou esse movimento de superdiversidade, ou seja, o constante refazer de uma teia de diversidades sociais. Na mesma direção, Martin-Jones, Blackledge e Creese (2012, p. 2) apontam para a complexidade do “desafio da reconstrução discursiva” que emerge da inter-relação daqueles que participam desse processo migratório. Em 2012, Blommaert (p. 10) amplia essa ideia ao falar da instabilidade do “outro” e do “nós” diante desse fluxo global. Knight (2004), Morosini (2011) e Spring (2015) pontuam o viés dos programas de internacionalização acadêmica como uma aplicação alternativa ao vocábulo em pauta. Isso posto, ressalto que meu primeiro movimento nesta pesquisa foi ancorá-la na minha percepção de políticas públicas, educacionais e linguísticas a partir dos trabalhos de Secchi (2016), Ball (2006) e Rajagopalan (2013). Segundo, baseado em Luna (2016), Ianni (2013), Laus (2012) e Derrida (2003) abordei o construto internacionalização, sua relação com a globalização, sua gramática, bem como a questão da hospitalidade pensada pelo viés do acesso, acolhimento e acompanhamento dos discentes internacionais. Do ponto de vista metodológico, assevero que se trata de uma pesquisa qualitativa sob o paradigma pós-positivista, axiológica, ontológica e epistemologicamente de cunho interpretativista, segundo Bauer e Gaskell (2013). É igualmente aplicada, pois foi ancorada na epistemologia proposta por Moita Lopes e associados (2006) em favor de uma linguística aplicada indisciplinar, transgressiva, mestiça e crítica. Além do pesquisador, participaram dela discentes internacionais, docentes e técnicos administrativos e o lócus pesquisado foi o Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Além das pistas apontadas na narrativa autobiográfica do pesquisador, os dados na tessitura da investigação foram gerados através de uma entrevista semiestruturada. A aferição de seu sentido sociossemiótico e semântico-discursivo foi realizada através das lentes i) da pesquisa interpretativista, cf. Moita Lopes (1994), aliada a alguns princípios orientadores do sistema de avaliatividade, cf. Martin & White (2005), mas que, enquanto categorias, foram afeiçoados pelo pesquisador; e, ii) do construto ideologia, cf. Thompson (2011), perpendicular à análise de discurso crítica, de acordo com Fairclough (2016). Por meio das análises dos dados, foi possível a constatação de práticas discursivas assimétricas e camufladas formatadas nas interações entre os atores imbricados nessa comunidade acadêmica. Consubstanciadas no programa de internacionalização do lócus em tela, essas práticas garantem o pleno acesso dos discentes internacionais, mas têm se mostrado falhas quanto ao acolhimento e, sobretudo, no acompanhamento socioacadêmico desse alunado. Destarte, como contributo social e corolário desta investigação, foi ensejado um protocolo de ações afirmativas orientadas ao aprimoramento do programa de internacionalização investigado. Sob a égide do trabalho de Sousa Santos (2010) e Andreotti (2016), esbocei uma rota de caminhos plurais, multissemióticos, axiológicos e ontologicamente orientados visando ao benefício ad aequitas dos atores imbricados no programa.

Palavras-chave: Políticas públicas; Internacionalização; Hospitalidade; Análise do discurso; Ideologia

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