Resumo: O trabalho explora o estatuto crítico de Pedra do Sono, primeiro livro de poemas de João Cabral de Melo Neto. Procuramos problematizar a ideia amplamente difundida em sua fortuna crítica de que, contrariamente à poesia madura de seu autor, Pedra do Sono não possui uma intenção artística clara, e de que os poemas são apenas os registros das impressões subjetivas e oníricas de seu eu lírico. Nesse exercício, questionamos também a estabilidade de certos pares conceituais que servem de base ao estatuto hierárquico de Pedra do Sono: subjetivo e objetivo, dentro e fora, sentimento e razão, ficção e realidade etc. Dessa problematização, fazemos emergir uma leitura própria em que o livro comparece como uma imagem poética do pensamento capaz de desestabilizar a figura racionalista de João Cabral.
Palavras-chave: Melo Neto, João Cabral de, 1920-1999. Pedra do Sono - Crítica e interpretação; Modernismo (Literatura); Crítica literária; Surrealismo (Literatura)