Resumo: Este estudo examina seis contos da autora brasileira Clarice Lispector (1920-77)— quatro de Laços de Família (1960) e dois de A Via Crucis do Corpo (1974)—à luz das teorias de Judith Butler (1956) sobre performatividade de gênero a fim de discutir como as protagonistas dessas narrativas parecem ser justamente representantes de construções, estereótipos e violências sociais em grande medida pautadas na performatividade do gênero feminino. Essa discussão tem por base sobretudo as coerções sistemáticas às quais essas mulheres são sujeitas quando ocupam determinados espaços—divididos, aqui, em dois grandes grupos: os espaços domésticos ou privados, onde violências mais discretas e simbólicas tendem a prevalecer, e os espaços públicos, onde tendem a prevalecer violências mais contingentes e também mais práticas ou físicas.
Palavras-chave: Lispector, Clarice, 1920-1977 - Crítica e interpretação; Butler, Judith, 1956-; Feminismo e literatura; Crítica literária feminista; Violência contra as mulheres na literatura.