Resumo

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Um curso de escrita criativa e uma participante brasileira : técnicas de escrita narrativa para a ficção comercial

Nathalie Letouzé

Orientador(a): Raquel Salek Fiad

Doutorado em Linguística Aplicada - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - L569c


Resumo:
Os cursos de escrita criativa, originários nos Estados Unidos, têm se difundido amplamente em diversos países, inclusive no Brasil. Aqui, embora menos recorrente, é possível observar um movimento crescente na sua oferta e demanda. Diante disso, questionamos qual seria a recepção e a significação por um(a) brasileiro(a) em um curso de Escrita Criativa oferecido no exterior, a fim de melhor compreendermos a influência original dos cursos que chegam aqui no Brasil. Desse modo, o propósito central desta pesquisa foi compreender e analisar a recepção e a construção de significados por uma participante brasileira em um curso de Escrita Criativa oferecido on-line por uma universidade inglesa e a influência ou não desse curso na produção literária dessa participante. Para isso, coletamos, descrevemos e analisamos o material oferecido pelo curso on-line em sua plataforma, os textos da participante produzidos em motivação às atividades do curso e a entrevista realizada com a participante. Esta pesquisa se insere em uma metodologia qualitativa, estudo de caso, situado na Linguística Aplicada. Os resultados indicaram influência predominante de Besant (1985), James (2003, 2011) e Field (2001) no conteúdo do curso; Besant (1985) e James (2003, 2011) extraíram das artes dramáticas muitas das técnicas para escrita ficcional; Field (2001) aborda a escrita de roteiros. Foi observado que o enfoque das técnicas narrativas ensinadas está na publicação do texto por editoras comerciais e isso é buscado por meio da satisfação do leitor. Contudo, consideramos que essas técnicas foram apresentadas de modo superficial. Quanto à produção textual da participante, observamos que os conteúdos ensinados nas unidades estão presentes desde os primeiros exercícios, contudo, ao longo do curso, houve um desenvolvimento melhor dessas técnicas. A participante considerou que o curso trouxe benefícios à sua escrita, entretanto, entendemos que pode ter trazido prejuízos também, uma vez que a sua escrita tem um caráter mais intimista, o qual não se adéqua às técnicas abordadas no curso. Embora ela tenha tido um posicionamento crítico a respeito do curso, questionando o caráter limitante e formatado do que foi ensinado, ao mesmo tempo, se esforçou para atender às expectativas do curso. Esses cursos buscam orientar o escritor a respeito do que é necessário fazer para ter seu texto publicado, revelando o que consideramos as dimensões escondidas (STREET, 2010) do universo de publicação da narrativa ficcional. Nesse mesmo contexto, há os mediadores do letramento (LILLIS; CURRY 2006, 2010 e CURRY; LILLIS, 2014) específicos para colaborarem com a publicação desses escritores. Contudo, o mais preocupante com relação a esses cursos é o valor prescritivo e restritivo das técnicas narrativas abordadas neles. Apesar disso, o que não podemos ignorar, enquanto professores de linguagens, é o interesse de muitos de nossos alunos pela prática da escrita como liberdade expressiva, imaginativa e artística. A forma em que esses espaços de escrita narrativa ficcional serão construídos é que será determinante. É nessa forma que devemos refletir, enquanto esses cursos no Brasil são incipientes, antes que estejam estabelecidos de modo acrítico.

Palavras-chave: Escrita criativa; Escrita criativa - Estudo e ensino; Textos - Redação.

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