Resumo

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A construção textual e sociocognitiva do racismo nos (des)alinhamentos à hashtag #SomosTodosMacacos

Rafahel Jean Parintins Lima

Orientador(a): Edwiges Maria Morato

Doutorado em Linguística - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - L628c


Resumo:
O objetivo desta tese de doutorado é identificar e discutir a construção textual e sociocognitiva do racismo e do antirracismo em artigos de opinião sobre a hashtag #SomosTodosMacacos, por meio da análise de formas intertextuais e de mobilizações do frame Racismo realizadas por expressões referenciais e por predicações verbais. A publicação da hashtag #SomosTodosMacacos foi realizada pelo jogador brasileiro de futebol Neymar Junior, em abril de 2014, em reação a um ato racista sofrido pelo lateral Daniel Alves durante uma partida na Espanha. Do ponto de vista teórico, esta tese se insere na abordagem sociocognitivo-interacional da Linguística Textual, que entende o texto como evento comunicativo para o qual convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais (BEAUGRANDE, 1997; MARCUSCHI, 2008; KOCH, 2004). Discutimos aqui estudos internacionais do campo textual/discursivo do racismo e do antirracismo (VAN DIJK, 2009; 2015; 2015b; WHITEHEAD, 2018; DICK & WIRTZ, 2011; entre outros), bem como estudos sócio-históricos sobre o tema (MUNANGA, 1999; 2003; BETHENCOURT, 2018 [2016], além de outros trabalhos). Para discutir aspectos textuais e contextuais relacionados à análise dos artigos de opinião e à criação e publicação da hashtag #SomosTodosMacacos por determinados atores sociais, consideramos também determinadas teorizações linguístico-antropológicas de Hanks (2008) e da Sociologia da Prática de Bourdieu (1989; 1996 [1994]; 1997 [1996]) sobre os atores, os campos e as lutas em torno de representações de objetos sociais. O corpus analisado é composto por 10 artigos de opinião publicados em jornais, revistas e portais de notícia de relevância nacional motivados contextualmente pela publicação da hashtag #SomosTodosMacacos. O pressuposto geral da presente tese é o de que os artigos de opinião intertextualmente relacionados à hashtag constroem tendencialmente determinadas representações textuais e sociocognitivas do racismo. Para compreender como se dá essa construção, adotamos como categoria sociocognitiva de análise a noção de frame a partir de uma perspectiva dinâmica e discursiva (CROFT & CRUSE, 2004; MIRANDA & BERNARDO, 2013; MORATO & BENTES, 2013; MORATO et al., 2017). Como categorias textuais de análise, adotamos especialmente as formas intertextuais, as expressões referenciais e as predicações verbais. Os resultados indicam, na mobilização do frame Racismo e na construção intertextual da hashtag #SomosTodosMacacos, a tendência de focalização da construção referencial do racismo como processo ou objeto social e das suas vítimas como grupo racialmente oprimido. Argumentamos que essa forma produtiva de construção textual e sociocognitiva do racismo consiste em uma prática antirracista diferencialista que pressupõe a necessidade de salientar textualmente a materialidade social do racismo, da opressão e do sofrimento de determinados grupos raciais na reação a eventos racistas como o ato sofrido pelo jogador Daniel Alves e na reação a ações (anti)racistas, como a hashtag #SomosTodosMacacos.

Palavras-chave: Racismo; Antirracismo; Intertextualidade; Referência (Linguística).

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