Resumo

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(R)esistir no Jardim Itatinga : laços entre sujeitos e espaço urbano

Mirielly Ferraça

Orientador(a): Suzy Maria Lagazzi Rodrigues

Doutorado em Linguística - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - F41r


Resumo:
É em Campinas-SP que se encontra o Jardim Itatinga, espaço que se constitui como objeto de investigação desta tese. Localizado entre as Rodovias Santos Dumont e Bandeirantes, a 11 quilômetros do centro citadino, o bairro foi construído na década de 1960 pelo poder público campineiro, a partir de um projeto de higienização urbana. Cortiços foram demolidos, casas de prostituição fechadas e as prostitutas que moravam e trabalhavam em áreas consideradas nobres, o que significa falar em espaços urbanística e economicamente valorizados, foram levadas para os confins da cidade. Entre 2016 e 2017 realizei entrevistas com moradoras, moradores, trabalhadoras, trabalhadores e comerciantes do Jardim Itatinga, interessando-me pelas relações cotidianas que se dão nesse espaço. A partir das entrevistas, então, que constituem o corpus desta pesquisa, pergunto-me: quais laços enlaçam sujeitos e Jardim Itatinga e de que modo os sujeitos ali (r)esistem? É nas condições de produção de um bairro criado pelo Estado para ser o lugar da prostituição na cidade, num espaço política, histórica e geograficamente segregado, lugar de morada e de trabalho para quase duas mil prostitutas, lar e lugar de trabalho para muitos sujeitos, que relações sociais se estreitam e se entrelaçam. Assim, com o objetivo de compreender como se constituem esses laços, analiso o discurso fundador, que perpetua uma história de confinamento da prostituição na cidade, perguntando por modos de deslize nesse discurso. Busco compreender, também, como sujeitos e sentidos se movimentam nas condições de produção do bairro Jardim Itatinga, a partir da análise das designações casa [de família], casa [de prostituição], dona de casa [de família], dona de casa [de prostituição], dono de casa [de prostituição]. Considero a elipse como fissura na língua que possibilita o encontro com a história, permitindo o trânsito de sentidos e a inscrição do sujeito, e considero que o espaço, em sua composição material, significa e é significado pelos sujeitos a partir da relação que estabelecem com o lugar de vivência, de convivência, de morada, de trabalho. No Jardim Itatinga, o desenho urbano privilegia o espaço público, por isso a rua, em seu funcionamento equívoco, é um lugar de entrada analítica. O espaço público, no Jardim Itatinga, significa na tensão entre a memória da exclusão histórico-político-ideológica cravada na cidade e as diferentes práticas de uso desse espaço. Também o trabalho se constitui como um dos recortes analíticos, visto ser um dos laços fundamentais entre sujeitos e espaço. Chego às brechas cotidianas que possibilitam que o sujeito (r)esista no Jardim Itatinga. Ressalto que são vidas que compõem as entrevistas coletadas. Parafraseando Michel Pêcheux, questiono: o que, senão a vida, se revolta e resiste?

Palavras-chave: Espaços urbanos - Linguagem; Entrevistas; Análise do Discurso.

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