Resumo

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A disputa por sentidos nos discursos sobre o aborto no Brasil : entre inocentes e culpadas

Talita Suelen Zanetti de Carvalho

Orientador(a): Carolina Maria Rodríguez Zuccolillo

Mestrado em Linguística - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - C253d


Resumo:
O que se diz quando se diz aborto? O que se silencia nestes dizeres? Esses questionamentos são o ponto de partida do presente estudo. Nosso objetivo é apresentar uma análise dos discursos que envolvem o tema do aborto no Brasil à luz dos princípios da Análise Materialista do Discurso proposta por Michel Pêcheux e Eni Orlandi. O percurso de trabalho parte do funcionamento discursivo dos significantes mulher, mãe e vida humana inocente num arquivo composto por reportagens jornalísticas e comentários de leitores a respeito de um pedido de autorização judicial para a realização de um aborto legal no Brasil. A constituição de sentidos desses dizeres deixa ver o funcionamento de uma memória discursiva sobre a mulher que aborta ou quer realizar um aborto que coloca em jogo a sexualidade feminina e o lugar de subordinação historicamente atribuído às mulheres na sociedade. Considerando a ideologia religiosa como um dos principais pilares desse processo, o segundo passo foi analisar o discurso religioso cristão sobre o aborto, levando em conta o suposto tipo de pecado que ele caracteriza e seu entendimento sobre a origem da vida/do sujeito. É a determinação dessa origem e também da autonomia do sujeito que ganha uma aparente centralidade no discurso jurídico, ancorado em supostos saberes médicos e científicos, que nos leva à última etapa do trabalho. Esses saberes que pretendem fixar sentidos para determinar o início da vida e a existência do sujeito de direitos, opondo pessoa e coisa, funcionam como justificativa para uma descriminalização do aborto que não deixa de fragmentar o humano sem deslocar de fato a posição da mulher em relação à reprodução. Pela perspectiva teórica à qual nos filiamos entendemos, portanto, a disputa de sentidos entre as posições favoráveis e contrárias à descriminalização do aborto como inscritas na materialidade da língua, entre ditos e não-ditos, que colocam em relação a história e o sujeito.

Palavras-chave: Aborto; Análise do discurso; Sujeito (Filosofia); Mulher; Vida.

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