Resumo

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Sentidos das palavras manifestante e manifestação constituídos no discurso do Estado e da Mídia Tradicional Brasileira

Geane Cássia Alves Sena

Orientador(a): Eduardo Roberto Junqueira Guimarães

Doutorado em Linguística - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Se55s


Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivo compreender o funcionamento semântico-enunciativo das palavras manifestante e manifestação no discurso do Estado e da Mídia Tradicional Brasileira. Ainda objetiva compreender de que modo o movimento argumentativo dos textos que tomamos para análise favorece a constituição de sentido para as palavras manifestante e manifestação a partir da relação que estabelecem, em especial, com as palavras pacífico e “não pacífico”/violento, legítimo e “deslegitimado”, nos acontecimentos de linguagem nos quais funcionam. Os textos que selecionamos para análise foram produzidos em um momento que se constitui como um marco na histórica dos movimentos populares no Brasil. Ou seja, foram produzidos a partir das manifestações de junho de 2013 ocorridas pelas ruas das principais cidades brasileiras. Assim tomamos para análise dois textos oficiais produzidos pelo Estado: o pronunciamento realizado pela ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff, que foi em rede nacional no dia 21 de junho falar sobre as manifestações que estavam ocorrendo pelas ruas do país; e um Projeto de Lei apresentado pelo deputado do PSDB, Carlos Sampaio, em 13 de setembro de 2013. Ainda selecionamos dois textos veiculados pelo jornal Folha de São Paulo: o primeiro intitulado “Em comunicado, Dilma diz que manifestações pacíficas são legítimas”, de autoria do jornalista Breno Costa (publicado em 17 de junho de 2013) e, o segundo, com o título “Protesto”, assinado pelo jornalista Aguirre Talento (veiculado em 21 de junho de 2013). Para realizarmos nossas análises, recorremos ao quadro teórico-metodológico da Semântica do Acontecimento ou Semântica da Enunciação desenvolvido por Guimarães (2005; 2007a; 2007b; 2011; 2018). Com base nessa teoria, tomamos os textos selecionados como acontecimentos enunciativos que se caracterizam como um espaço de constituição de sentidos e um espaço de divisão de línguas, no qual há uma divisão desigual da língua para seus falantes, instalando um litígio. Mas, mesmo sem terem a palavra, “falam”. Nos textos que tomamos para análise, observamos que se instala um litígio entre o manifestante e a manifestação tipificados como pacíficos e aqueles qualificados como “não pacíficos”, de modo que àqueles considerados como pacíficos é dada a palavra e àqueles tipificados como “não pacíficos” esta é negada. Com a realização das análises, observamos que, nos quatro textos selecionados, o sentido de manifestante e manifestação se constitui a partir da relação que essas palavras estabelecem com outras palavras nos enunciados nos quais funcionam. Em especial, encontramos como determinação do sentido de manifestante e manifestação, nesses textos, o sentido de pacífico e a relação de antonímia estabelecida entre o pacífico e o “não pacífico”. Também observamos que na cena enunciativa produzida nos textos analisados é instalada a figura de diferentes locutores-x que direcionam a sua argumentação para seu alocutário-x a favor de determinada conclusão, o que favorece a constituição de sentidos para as palavras manifestante e manifestação. A partir das relações estabelecidas nesses acontecimentos que analisamos, é possível afirmarmos que tudo aquilo que se liga ao pacífico (manifestação pacífica e manifestante pacífico) é legitimado no discurso do Estado e da Mídia Tradicional Brasileira.

Palavras-chave: Acontecimento enunciativo; Designação (Linguística); Manifestações públicas - Brasil; Manifestantes - Brasil.

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