Resumo: Durante a década de 2010 no Brasil se vive uma irrupção do posicionamento e do espaço político. Nesse contexto, o lançamento no país do romance histórico O homem que amava os cachorros coloca o autor cubano Leonardo Padura em evidência. A exploração de sua imagem midiática o transforma em uma espécie de celebridade literária no país, circulando sobretudo em ambientes políticos e intelectuais de esquerda. Sua recepção, no entanto, é altamente ancorada em uma ideia afetiva tanto de Cuba e da Revolução Cubana, como (ironicamente) de Trotski; ignorando, na maioria das vezes, o conteúdo de seus romances. Partindo desse descompasso entre a recepção de Leonardo Padura no Brasil e a sua literatura, incursiono na história intelectual cubana da Revolução para compreender as formas assumidas pelas relações entre intelectuais e poder na ilha. Mais especificamente, analiso a atuação do escritor no jornalismo oficial dos anos 1980, na revista El caimán barbudo (1979-1988) e no diário Juventud Rebelde (1983-1988). A partir disso, demonstro como o autor forjou um projeto estético-literário nessa fase jornalística de transgressões e negociações com o governo socialista de Cuba, atingindo sua maturidade nos romances internacionalmente aclamados.
Palavras-chave: Padura, Leonardo, 1955- - Crítica e interpretação; Literatura latino-americana; Literatura cubana; Jornalismo e literatura; Imprensa.