Resumo

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Vozes do Pró-Haiti : narrativas sobre reterritorialização em contexto brasileiro

Gabriel Vinícius Dangió

Orientador(a): Ana Cecília Cossi Bizon

Mestrado em Linguística Aplicada - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - D214v


Resumo:
No dia 12 de janeiro de 2010, um abalo sísmico de intensidade de 7.3 na escala de Richter causou danos catastróficos ao Haiti. Estima-se que mais de 220 mil pessoas morreram, 300 mil ficaram feridas e 1,6 milhão ficaram desabrigadas. Diante desse cenário catastrófico, o governo brasileiro, como forma de auxílio internacional, criou o Programa Emergencial Pró-Haiti, possibilitando que universitários haitianos viessem ao Brasil para darem continuidade aos seus estudos em instituições brasileiras. O objetivo da presente pesquisa, inserida na Linguística Aplicada INdisciplinar (MOITA LOPES, 2006b) em diálogo com Estudos Poscoloniais (VENN, 2000; SOUSA SANTOS, 2002a, 2002b; CAVALCANTI, 2006; BHABHA, 2007), é analisar a operacionalização das políticas linguísticas e políticas de inserção envolvidas na implementação do programa em uma universidade pública do interior do estado de São Paulo. Para tanto, são analisadas narrativas (THREADGOLD, 2005; BAYNHAM; DE FINA, 2017; DE FINA, 2017) de participantes do programa: quatro estudantes haitianos e dois professores de português como língua adicional que atuaram em um curso oferecido aos conveniados em seus primeiros meses de estadia no Brasil. A análise empreendida nesta investigação é embasada nas teorias de Wortham (2001) acerca de pistas de indexicalização que, uma vez analisadas, indicam posicionamentos (LANGENHOVE; HARRÉ, 1999) elaborados pelos participantes de pesquisa através de suas narrativas. No que diz respeito às políticas linguísticas, nota-se a construção de um curso por meio de políticas verticalizadas (SANTOS, 2008), ou seja, que se pautaram em ementas e materiais didáticos previamente estabelecidos; e de políticas horizontalizadas, a partir das crenças dos professores e dos anseios dos alunos. Já as políticas de inserção foram analisadas à luz das teorias sobre territorialização (HAESBAERT, 2004), as quais entendem o território como passível de ser apreendido em dinâmicas de desterritorializações e reterritorializações dos sujeitos em relação aos espaços. De acordo com o que apontam as narrativas, as reterritorializações de alguns – não de todos, vale ressaltar – estudantes conveniados do Pró-Haiti são atravessadas por processos desterritorializadores não comuns a todos os estrangeiros submetidos às mesma dinâmicas de reterritorialização, como a racialização (SILVERSTEIN, 2005; GALABUZI, 2006; CAVALCANTI; BIZON, 2018) e a despossessão (BUTLER; ATHANASIOU, 2013) de direitos.

Palavras-chave: Políticas linguísticas; Política social; Territorialização.

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