Resumo

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Implicações prosódicas da oralidade no uso da vírgula : uma interface entre fonologia e sintaxe

Rebecca Andrade da Silva Costa

Orientador(a): Maria Bernadete Marques Abaurre

Mestrado em Linguística - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - C823i


Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo analisar a influência da oralidade no ato de pontuar graficamente os textos escritos através da análise do uso e da presença de sinais de pontuação como marcadores prosódicos, e não sintáticos. Para tanto, os trabalhos de Abaurre (1991) e Chacon (1998) são essenciais para possibilitar tal fundamentação. A partir disso, buscaremos fazer uma análise da forma como a pontuação é vista por diversos teóricos da linguagem, tendo por base Corrêa (1994; 1997), principalmente, além da visão de autores como Piacentini (2009), Bechara (1999) e Cegalla (2005) sobre a pontuação de acordo com as gramáticas normativas. Por fim, os trabalhos de Nespor e Vogel (1993; 2007), Pontes (1981; 1987), Fernandes (2007) e Truckenbrodt, Sandalo e Abaurre (2009) nos permitirão fazer a análise do corpus selecionado para essa pesquisa por meio da teoria da Fonologia Prosódica e das generalizações sobre o tópico no português brasileiro. Pretendemos sustentar a premissa de que, no estudo da interface entre fonologia e sintaxe, a pontuação é realizada, muitas vezes, por meio de regras prosódicas, portanto rítmicas, e não unicamente sintáticas. De forma geral, o objetivo de nosso trabalho é analisar como o ritmo da língua reflete na produção da frase escrita a partir do uso da pontuação em períodos retirados de textos escolares. Também é de nosso interesse estabelecer uma relação de interface entre sintaxe e prosódia, procurando levantar evidências de que a estrutura de uma e de outra, relacionadas, mas divergentes entre si, manifestam-se na escrita do falante, quando os marcadores gráficos não parecem obedecer às regras da primeira. Acerca dos resultados da pesquisa, foi possível observarmos, por meio de uma análise do corpus selecionado, que os períodos nos quais encontramos marcadores gráficos sendo utilizados de forma que não coincidem com as regras de pontuação estabelecidas pelos manuais e gramáticas de língua portuguesa brasileira coincidem, muitas vezes, com limites de constituintes prosódicos, normalmente ao final de uma frase fonológica (?), sendo que a utilização dessa vírgula parece forçar a criação de um I. Além disso, percebemos que, a respeito do uso de vírgula entre sujeito e predicado, há uma evidência de que a recorrência nesse desvio – um dos mais abundantes em nosso corpus - indica a tendência à topicalização no português brasileiro. A presença de um acento tonal logo após o constituinte no qual está inserido o sujeito mostra a presença do foco sobre ele, nos levando a refletir sobre tal tendência. Portanto, notamos que a marcação gráfica utilizada pelo produtor não coincide com as regras sintáticas de pontuação propostas pela norma padrão, mas, em contrapartida, pode ser justificada pelos fenômenos prosódicos ou, ao menos, coincide com estes.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Pontuação; Análise prosódica (Linguística); Fonologia; Língua portuguesa - Sintaxe.

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