Resumo

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Sintaxe e diacronia da expressão de futuridade no PB

Paulo Ângelo de Araújo-Adriano

Orientador(a): Sonia Maria Lazzarini Cyrino

Mestrado em Linguística - 2019

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Ar15s


Resumo:
A expressão de futuridade no português brasileiro (PB) tem sido amplamente estudada sob o viés da sociolinguística variacionista e do funcionalismo. Esta dissertação investiga sob uma abordagem formal a expressão de futuridade, além de correlacionar mudanças sintáticas referentes à analiticização do tempo futuro ao longo do tempo. Assim, foram analisadas peças de teatro brasileiras dos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI com o objetivo de descrever como a expressão de futuro está e foi codificada na estrutura sintática ao longo do tempo. Tomam-se como objetivos específicos (i) delinear o percurso histórico da realização do futuro no PB, sob a perspectiva da Gramática Gerativa; (ii) verificar como e quais mudanças sintáticas ocorreram ao longo da história do PB referentes às expressões de futuridade e (iii) propor estruturas sintáticas para as variantes de futuro: (a) forma sintética; (b) ‘haver’ + infinitivo; (c) ‘ir’ + infinitivo. A dissertação está inserida nos pressupostos do Programa Minimalista (CHOMSKY, 1995) e dos seus desdobramentos mais recentes (PESETSKY & TORREGO, 2007; ROBERTS & ROUSSOU, 2003; ROBERTS & BIBERAUER, 2009; entre outros). Diante disso, as hipóteses norteadoras da dissertação vão em uma direção em que a preferência pela forma perifrástica à forma sintética teria ocorrido em meados do século XIX e, como várias outras mudanças ocorridas no PB neste período, isso teria diminuído a posição de pouso para onde o verbo se moveria. A análise dos dados mostra que a forma ‘haver-de’ + infinitivo e futuro sintético perderam força no sistema a partir do século XVIII, quando a forma ‘ir’ + infinitivo ganhou espaço. É no fim do século XIX que se verificou a mudança, uma vez que há uma queda drástica da forma sintética em detrimento da forma ‘ir’ + infinitivo. Além disso, mostra-se que o percurso de gramaticalização do verbo ‘ir’ ocorreu em três estágios: (1) ‘ir’ lexical; (2) ‘ir’ lexical e ‘ir’ prospecção e (3) ‘ir’ lexical, ‘ir’ prospecção e ‘ir’ irrealis/futuridade. Quanto à mudança estrutural, observou-se que, a partir da presente proposta, da passagem da forma sintética (‘farei’) para a sua forma perifrástica (‘vou fazer’) foi possível verificar perda de movimento verbal para uma posição mais alta da estrutura sintática, muito embora o movimento ainda ocorra (para uma posição mais baixa na estrutura). Em síntese, concluiu-se que o processo de analiticização verbal parece de fato restringir o escopo do movimento verbal.

Palavras-chave: Futuridade (A palavra); Futuro (A palavra); Língua portuguesa - Brasil; Língua portuguesa - Sintaxe; Língua portuguesa - Gramática gerativa; Língua portuguesa - Tempo verbal; Linguística histórica.

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