Resumo: Partindo de uma perspectiva que se recusa a ver no letramento algo de natureza meramente cognitiva e de um estudo de campo centrado em pessoas que tinham pouco ou nenhum conhecimento de informática, muitos dos quais nunca haviam sequer visto um computador, o objetivo desta pesquisa estabeleceu-se, após suas fases preliminares, em estudar as práticas de letramento digital dessas pessoas. Para tanto atuei por 12 meses (de 02/2010 a 06/2010, de 08/2010 a 11/2010 e de 03/2011 a 05/2011) como monitor de um curso de informática básica ministrado pela Prefeitura Municipal de Campinas no telecentro da CEASA (Centrais Estaduais de Abastecimento S/A, centrais de abastecimento de hortifrutigranjeiros) da cidade, o que me deu a oportunidade de observar os alunos de perto. A partir dos registros gravados e videografados em campo e das notas de campo, foram selecionadas duas turmas (uma de 27/10/2010 a 19/11/2010 e a outra de 27/04/2011 a 27/05/2011) para comporem o corpus para análise. Esta foi realizada tomando-se por base a noção de práticas de letramento digital inspirada nos Novos Estudos do Letramento que norteou toda a tese, as categorias interacionais de Erving Goffman e o conceito de domínio semiótico de Paul Gee. Como resultado, esta tese apresenta uma amostra bem clara de quem são os excluídos digitais do Brasil, das dificuldades que enfrentam quando vêm a interagir com computadores e sugere uma forma de como abordar o problema de iniciar alguém que nunca sequer viu um computador nas práticas mediadas pelas tecnologias interativas digitais.
Palavras-chave: Letramento; Letramento Digital; Semiótica; Inclusão digital.