Resumo

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Patologização e fracasso escolar : desnaturalizando respostas

Laura Müller

Orientador(a): Maria Irma Hadler Coudry

Doutorado em Linguística - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - M914p


Resumo:
Esta pesquisa investiga, através dos pressupostos teóricos e metodológicos desenvolvidos pela Neurolinguística Discursiva, as dificuldades escolares de crianças e jovens avaliadas equivocadamente como patológicas e justificadas por um diagnóstico que incide no processo de aquisição e uso da leitura e da escrita, tais como os de dislexia, distúrbio de aprendizagem, déficit do processamento auditivo, transtorno do déficit de atenção. Para isso, a pesquisa acompanhou, entre os anos de 2015 e 2017, a vida escolar de 3 crianças que, em situação de fracasso escolar, receberam um diagnóstico relativo à aprendizagem e frequentam, atualmente, o oitavo ano (12 ou 13 anos de idade) de uma escola regular do interior de São Paulo, em que atuo como professora de Língua Portuguesa. Ao mesmo tempo, a pesquisa acompanhou 2 crianças (da mesma sala) em situação de sucesso escolar para investigar, em contraste, os saberes e práticas que promovem vantagens em sua escolarização. Desse trabalho, são analisados os dados escolares (provas, materiais didáticos, cadernos, relatórios) e de leitura e escrita produzidos pelos sujeitos em acompanhamento longitudinal; os dados médicos que abordaram os problemas de aprendizagem enfrentados (laudos, relatórios) e, por fim, o que falam os pais, as crianças e os professores/gestores sobre os sujeitos e a suas histórias de escolarização. A primeira parte dessa discussão se concentra em caracterizar a história escolar de cada um dos sujeitos em situação de fracasso escolar e analisa os fatores determinantes para o diagnóstico, seus efeitos nocivos e o modo como essas dificuldades escolares, que motivaram o encaminhamento, perpetuam-se. Articulada a essa apresentação dos sujeitos, reflete-se sobre o desenvolvimento da atenção, da memória, dos conceitos científicos e a docilização dos corpos como noções importantes para compreender o diagnóstico e a situação de fracasso escolar vivenciada por esses sujeitos. No segundo momento da pesquisa, a discussão incide, principalmente, na dificuldade que a escola tem demonstrado no trabalho com as diferenças, especialmente em dois âmbitos: o da relação entre família e escola e o da relação entre escola e linguagem. Na primeira, a análise comparativa entre as famílias e os sujeitos em situação de sucesso e fracasso escolar, amparada em referencial teórico da sociologia da educação, mostrou que as famílias que apresentavam maior consonância com os modos de agir e os saberes da escola transmitiam vantagens na escolarização de seus filhos, ao contrário das famílias dos sujeitos em situação de fracasso escolar, o que é determinante para a produção das desigualdades educacionais. Por fim, na segunda parte, analisa-se os equívocos em relação à concepção de linguagem que sustenta as avaliações de dislexia e déficit do processamento auditivo, assim como o desconhecimento da escola em relação tanto ao processo de aquisição da leitura e escrita quanto às variedades linguísticas. Isso resulta na patologização de crianças normais e na pouca intervenção, ao menos eficaz, no processo de aquisição e uso da leitura e escrita desses sujeitos em situação de fracasso escolar.

Palavras-chave: Patologização da educação; Fracasso escolar; Neurolinguística discursiva; Linguagem; Aprendizagem.

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