Resumo: Embora o intercâmbio entre as línguas chinesa e portuguesa, intermediado pelos intérpretes chamados de jurubaças, tenha possivelmente se iniciado em 1512 (SCHMALTZ, 2013, p.13), a abordagem ocidental sobre a poética chinesa ocorreu tardiamente. No século XX, a tradução de poesia clássica chinesa ganhou destaque no Brasil com o trabalho transcriativo de Haroldo de Campos, publicado originalmente em 1996, intitulado Escrito sobre Jade, ecoando a tradução francesa Le Livre de Jade (1867). A segunda edição daquele, póstuma, lançada em 2009, traz 24 poemas reimaginados pelo concretista e notas elucidativas a respeito de poetas chineses traduzidos, bem como dificuldades e soluções encontradas na sua empreitada tradutória. Posteriormente, o mundo editorial brasileiro incorporou mais versos clássicos chineses traduzidos, no qual se destaca a publicação mais recente, isto é, a Antologia da Poesia Clássica Chinesa: Dinastia Tang (2013), trabalho realizado pela dupla Portugal e Tan. Diante dessas duas compilações da poesia clássica no Brasil (CAMPOS, 2009, e PORTUGAL; TAN, 2013), a presente dissertação visa a apresentar um estudo desses dois projetos tradutórios diferentes, por meio de análises de alguns poemas traduzidos por Campos e Portugal e Tan, sublinhando suas semelhanças e diferenças, bem como as soluções dadas às dificuldades encontradas no processo tradutório. Para tanto, discussões relacionadas à tradução literária, sobretudo à de poesia, serão abordadas de forma que fomentem e iluminem nossa análise. Além disso, a presente dissertação apresenta uma breve história da poesia clássica chinesa e comentário em relação aos caracteres chineses, com intuito de contribuir com a pesquisa acerca da tradução poética do par linguístico chinês-português, já que raras ainda são obras acadêmicas a respeito do tema.
Palavras-chave: Campos, Haroldo de, 1929-2003; Poesia clássica - China; Língua chinesa; Tradução.