Resumo: A questão principal a que se busca responder, por meio deste trabalho, é: existe uma ordem para aquisição dos diferentes mecanismos recursivos no português brasileiro? O estudo empreendido tem caráter experimental; foi desenvolvido com crianças a partir de três anos de idade e com adultos, tomando a Gramática Gerativa como principal arcabouço teórico (CHOMSKY, 1965, 1981, 1995, 2000). Os testes foram de reconhecimento e de produção, envolvendo três instâncias recursivas: sintagmas preposicionais, sintagmas possessivos e sintagmas relativos, sempre contrastando estruturas coordenadas e subordinadas, na intenção de destacar as diferenças que essas estruturas implicam, em termos de processamento. Os resultados mostraram que, aos cinco anos, as crianças já dominam satisfatoriamente a recursão com vários níveis de PPs possessivos e de sentenças relativas, mas ainda não interpretam com facilidade vários níveis de PPs locativos, resistindo fortemente à produção de subordinadas. Além disso, os dados sugeriram que a coordenação, por associar-se frequentemente ao fenômeno da elisão, torna-se mais difícil do que a subordinação, não só para as crianças, mas também para os adultos. No entanto, quando não há elipse, a compreensão da coordenação é expressivamente menos dispendiosa do que de orações complexas.
Palavras-chave: Recursão; Gramática gerativa; Língua portuguesa.