Resumo

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Ferdinand de Saussure e seu saber fazer com a escrita ou do que se circunscreve de um enigma

Bruno Molina Turra

Orientador(a): Lauro José Siqueira Baldini

Doutorado em Linguística - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - T865f


Resumo:
O presente trabalho teve como objetivo central investigar o movimento teórico do linguista genebrino Ferdinand de Saussure no que diz respeito à escrita, sobretudo em seus textos ditos de linguística geral. Nosso objetivo específico foi o de produzir uma leitura que, partindo de sua obra póstuma Curso de linguística geral (CLG), editada por Charles Bally e Albert Sechehaye em 1916, se articulasse com as diversas fontes manuscritas autógrafas bem como com as anotações de seus alunos, a fim de produzir deslocamentos na compreensão da noção de escrita lida no CLG. Nossa leitura foi atravessada pela psicanálise no que diz respeito tanto à linguística enquanto ciência, quanto ao linguista enquanto aquele que se aventura pela linguagem a partir de uma posição de saber face à descoberta freudiana. Seguindo a orientação de Chiss e Puech (1986) de que para se investigar o lugar da escrita é preciso tratar tanto da escrita na linguística como da escrita da linguística, adicionamos à proposta dos autores uma terceira via necessária: a escrita do linguista, em que pese a forma pela qual Saussure se coloca diante desse campo de estudos, seja por seus escritos publicados ou não, seja por sua correspondência com seus pares. Nesse sentido, ao contrário das leituras correntes sobre a escrita em Saussure que afirmam que o mestre genebrino a teria negligenciado, subordinando-a à língua, nossa leitura nos conduziu por movimentos mais elaborados. Se há um corte com relação à escrita, este se deveu à necessidade de constituição de um novo objeto científico que se distanciasse da filologia, concedendo à linguística seu objeto próprio. Essa exclusão, entretanto, não afasta a escrita das questões centrais da linguística como a teoria do valor e a própria escrita - matemática - da linguística, estenografada pelo que Lacan (1957) chama de algoritmo saussuriano, o S/s. Sua incidência, porém, é de outro lugar, não mais do interior da linguística, mas de fora, da semiologia, ou, a partir de uma formulação lacaniana (1975), de um fora que não é um não dentro. Pudemos ler também que, se de um lado há um trabalho intelectual por parte do linguista no que diz respeito à escrita, por outro há um saber fazer com a escrita, um uso da escrita realizado a partir de um não saber, uma prática que a toma como enigma de sua própria construção teórica. A partir dessa leitura do movimento de Saussure com a escrita, apontamos uma outra forma de se compreender a questão: a escrita ex-siste. Ou seja, a partir de um movimento de exteriorização, a escrita se presentifica como letra no cerne do pensamento linguístico saussuriano.

Palavras-chave: Saussure, Ferdinand de, 1857-1913; Escrita; Psicanálise; Linguística.

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