Resumo

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Funcionamento discursivo das hashtags : um olhar para a #somostodos

Deborah Danny da Silva Pereira

Orientador(a): Cristiane Pereira Dias

Mestrado em Divulgação Científica e Cultural - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - P414f


Resumo:
Esta dissertação faz uma análise, sob a perspectiva da Análise do Discurso, sobre o modo como operam as hashtags e também, de forma mais específica, analisa as hashtags #SomosTodos, por exemplo: #SomosTodosAmarildo, #SomosTodosMaju, #SomosTodosMacacos, #SomosTodosProfessores, #SomosTodosBrasil, #SomosTodosOlímpicos, #SomosTodosSilva, #SomosTodosLéo, etc., muito (re)compartilhada nas redes sociais, em vias públicas e, até mesmo, na mídia hegemônica. Deste modo, o trabalho traz reflexões a respeito do funcionamento discursivo das hashtags e dos discursos atravessados pelo digital, dialogando com os estudos de Dias (2011, 2015, 2016) e Paveau (2013, 2017). Tentamos compreender a hashtag também a partir da noção de arquivo (PÊCHEUX, 2010), entendendo que este segmento forma um arquivo, ao mesmo tempo, uno, disperso e quantificável (sendo esta última característica fundamental na consequência política que as hashtags podem ter). Em relação ao enunciado em análise, #SomosTodos, o tomamos sob a perspectiva da universalidade (PÊCHEUX, 1975), pensando em como ele se filia ao discurso de igualdade - funcionando como um “somos todos iguais” - e do Sujeito de Direito (HAROCHE, 1984), que tenta colocar os sujeitos como iguais perante a lei, no intuito de apagar as contradições e subjetividades constitutivas da sociedade e da língua. Outro ponto importante desta pesquisa é que, através dela, foi possível observar os deslocamentos de sentidos do enunciado e como ele foi se filiando a outros modos de significar: a hashtag, em alguns posts, filia-se a uma memória ligada ao racismo e à resistência (#SomosTodosAmarildo, #SomosTodosMaju, #SomosTodosMaccos) e, ao mesmo tempo, é possível vê-la em propaganda e marketing (#SomosTodosBrasil e #SomosTodosOlímpicos) ou torcidas (#SomosTodosLeo). Percebemos, então, produções de sentidos diferentes a partir de uma mesma forma, o que lembra o que nos ensinou Pêcheux (2006, p. 53), ao postular que “todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo”. Como última reflexão, saliento a ressignificação desta hashtag a partir de dois enunciados - #NinguémÉHaiti e “Somos Todos Negros ?” – que colocam a hashtag #SomosTodos em outro lugar, questionam a sua universalidade.

Palavras-chave: Análise do discurso; Redes sociais on-line; Universal (Filosofia).

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