Resumo

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Estudo acústico-perceptual do estilo de fala telefônico com implicações para a verificação de locutor em português brasileiro

Renata Regina Passetti

Orientador(a): Plínio Almeida Barbosa

Doutorado em Linguística - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - P267e


Resumo:
Esta pesquisa apresenta uma análise fonético-experimental de parâmetros acústicos que caracterizam o estilo de fala telefônico e investiga a habilidade de ouvintes em discriminar este estilo de fala, característico de interações mediadas por aparelhos celulares, de um estilo de fala não mediado, característico de interações face a face. Para isso, elaborou-se um corpus principal relacionado ao experimento de produção e, a partir dele, criou-se outro relacionado ao experimento de percepção do estilo de fala telefônico. O corpus principal, denominado “EstiloTel”, foi composto por gravações de fala semi-espontânea obtidas nas condições face a face e via telefone celular. Ambas as condições de gravação foram conduzidas em ambientes ruidosos e silenciosos. Esta etapa de análise tinha como objetivo investigar se as modificações acústicas presentes no estilo de fala telefônico poderiam ser influenciadas por alterações no nível de ruído ambiental e se apresentariam distinções entre os sexos. As técnicas de análise acústica investigadas envolveram o cálculo de um conjunto de parâmetros globais e locais. De modo geral, pode-se afirmar que o estilo de fala telefônico está associado a um aumento nos valores da mediana da frequência fundamental para locutores de ambos os sexos. No entanto, há diferença no conjunto de parâmetros modificados pelos locutores masculinos e femininos. Os locutores do sexo masculino produzem mudanças em quantidade maior de parâmetros acústicos durante a interação telefônica se comparados às locutoras do sexo feminino. Entre os homens, o estilo de fala telefônico é caracterizado pela modificação significativa de descritores da frequência fundamental e de parâmetros temporais, a saber: a distribuição dos picos de duração normalizada das sílabas fonéticas, a duração dos intervalos entre duas pausas silenciosas consecutivas e a duração dos grupos acentuais. Além disso, as modificações associadas à maioria desses parâmetros são potencializadas pela presença de ruídos ambientais. Com exceção da duração dos intervalos entre pausas silenciosas, os valores dos demais parâmetros na condição telefônica aumentaram quando esta interação ocorreu em ambientes ruidosos. Os intervalos entre pausas silenciosas são, por sua vez, menores na condição telefônica, o que indica trechos de fala mais curtos e uma maior produção do número de pausas silenciosas nesta condição. Pode-se afirmar, então, que durante a interação pelo telefone, a fala de locutores do sexo masculino é produzida com valores globais da frequência fundamental mais elevados e com uma maior variação entoacional, possui maior grau de saliência duracional e maior quantidade de pausas silenciosas. A análise do estudo da dimensão perceptiva demonstrou que o estilo de fala telefônico mostrou-se difícil de se identificar auditivamente. Por outro lado, a análise da sensibilidade dos ouvintes por grupos de combinação de estímulos demonstrou que o estilo de fala telefônico foi identificado com maior acuidade quando ambas as interações a serem comparadas ocorreram em um mesmo ambiente. A correlação entre as escolhas dos ouvintes no experimento auditivo-perceptivo com parâmetros analisados foi investigada por meio de análise por regressão não paramétrica. Os resultados mostraram que cerca de um terço da percepção do estilo de fala telefônico está relacionado à covariação de parâmetros correlatos da altura e do volume da fala.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Brasil; Língua portuguesa - Estilo; Língua portuguesa - Português falado; Fonética acústica; Fonética forense; Telefone celular; Interação verbal.

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