Resumo

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Interação do plural de -ão e do aumentativo -zão na formação de compostos no português brasileiro

Érick Rizzato da Silva

Orientador(a): Maria Filomena Spatti Sândalo

Mestrado em Linguística - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Si38i


Resumo:
O presente projeto tem como foco a compreensão dos fenômenos morfofonológicos de variações na constituição de plurais, observando a formação de compostos através da pluralização de palavras do gênero masculino terminadas em –ão, que exibem três formas plurais distintas –ãos, –ães e –ões, em interação com a morfologia de grau e sua marca de aumentativo equivalente –zão. No português, os sufixos –ão e –zão são os formadores de grau aumentativo mais frutíferos (ARMELIN, 2015) e tratam-se de formações recorrentes de grande circulação e utilização na língua, principalmente em sua modalidade falada (BIZZOCCHI, 2011). No entanto, palavras como ‘portãozinho’ e ‘anãozinho’ parecem soar melhor aos ouvidos do que suas formas no aumentativo ‘portãozão’ e ‘anãozão’. Ao tentar obter o plural dessas últimas, uma segunda dificuldade parece surgir: ‘portãozões’ ou ‘portõezões’. Haveria uma ordem de ocorrência dos fenômenos? Seria este um caso de derivação? Pode (ou deve) haver uma dupla marcação do plural no composto formado, isto é, a marcação do plural na forma base e novamente após o acréscimo do sufixo de grau? Huback (2011) aponta que o número de ocorrência de substantivos terminados em ditongo nasal –ão no PB é baixo. A forma no aumentativo plural, em corpora, é ainda mais limitada, o que faz surgir o questionamento: de onde vêm as intuições dos falantes para a escolha de uma forma de aumentativo plural, visto que estão pouco expostos a formas desse tipo? As diferenças entre as marcas dos formadores de grau no PB –ão/–zão e –inho/–zinho são muito discutidas, ora as teorias apontando para serem manifestações diferentes de um mesmo elemento, ora para formadores com estatutos diferentes. Pesquisas recentes tem discursado a favor de diferenças entre as marcas –ão e –zão, propondo que há uma diferença no alojamento dos itens, fazendo com que eles ocupem posições sintáticas distintas: enquanto –ão se anexaria a estruturas não flexionadas em número, –zão seria, por sua vez, mais alto que a projeção que aloja os trações de número (ARMELIN, 2015), defendendo a tese que o formador –zão entra na estrutura da palavra, de forma a compor o grau aumentativo, somente após esta já possuir um núcleo de número, embasando a hipótese de que, os compostos terminados em –ão acrescidos do sufixo –zão, em sua forma plural, deverão apresentar o número marcado duas vezes, tanto na palavra quanto no sufixo. Nossa hipótese argumenta a favor da variação dos falantes na elaboração desses plurais, ora optando pela forma com a marcação dupla, ora preferindo a forma mais econômica, omitindo marcações redundantes de plural, conforme as tendências atuais de economia do português brasileiro. A fundamentação teórica do trabalho se apoia na literatura morfo e fonológica acerca de estudos de pluralização irregular, dos formadores de grau, além de se basear na psicologia da experimentação linguística. Acerca da metodologia de pesquisa, trata-se de estudo experimental, com base em corpora constituído por palavras da língua com as características alvo, aliado à tecnologia computacional através da plataforma Experigen (BECKER & LEVINE, 2015) de criação de experimentos fonológicos.

Palavras-chave: Gramática comparada e geral - Número; Língua portuguesa - Ditongos; Língua portuguesa - Morfologia; Fonologia; Língua portuguesa - Brasil.

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