Resumo

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O racismo que (não) se vê : a fórmula Consciência Negra e a atopia do discurso racista brasileiro

Hélio de Oliveira

Orientador(a): Sírio Possenti

Doutorado em Linguística - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - OL4r


Resumo:
Esta pesquisa analisa as ocorrências da fórmula “consciência negra” e suas variantes – paráfrases, retomadas, reformulações – no universo discursivo brasileiro contemporâneo. Para tanto, embasa-se na Análise do Discurso, particularmente na noção de fórmula discursiva (KRIEG-PLANQUE, 2003, 2010) e nos conceitos de cenografia e atopia discursiva (MAINGUENEAU, 2008a, 2010a, 2015). A partir dos conceitos mencionados, propõem-se alguns desenvolvimentos: considerar as fórmulas como “lugares de memória” (uma provável propriedade adicional àquelas que lhe constituem) e a existência da pericenografia discursiva, uma espécie de enunciação periférica (e parasitária) à cenografia “principal”. O corpus, organizado a partir da circulação do sintagma citado, é constituído por textos de diferentes gêneros, principalmente aqueles oriundos do campo jornalístico, coletados nas edições de 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), no período de 2011-2017. Pretende-se analisar em que medida “consciência negra” funciona como um “lugar” privilegiado para “compreender a forma como os diversos atores sociais organizam, por meio dos discursos, as relações de poder e de opinião” (KRIEG-PLANQUE, 2010, p. 09). A relação dessa fórmula com o discurso racista é muito peculiar: há discursos que a apoiam e outros que a negam peremptoriamente. Todavia, há alguns discursos racistas que a utilizam para produzir uma suposta aura de engajamento com os Movimentos Negros. Nesse caso, a eficácia antirracista da fórmula “consciência negra” consiste em funcionar como uma espécie de “cavalo de Tróia”, minando por dentro (expondo) esses discursos que pretendem circular pelo espaço social como simpatizantes dos Movimentos Negros, mas que de fato trabalham contra as demandas deles. Entre outros aspectos, a pesquisa se justifica pela carência de estudos linguístico-discursivos – conforme apontado por Van Dijk (2008) – que não sejam centrados em propriedades étnicas ou folclóricas dos povos negros, mas que considerem as práticas racistas cotidianas dos grupos dominantes, tendo em vista o funcionamento do discurso na reprodução dessas práticas.

Palavras-chave: Análise do discurso; Racismo na linguagem; Fórmulas (Linguística).

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