Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o processo de transnacionalização da cultura dos Ballrooms, com enfoque em seu desenvolvimento no território brasileiro, assim como as questões identitárias, performáticas e linguísticas que envolvem esse processo. A cultura dos Ballrooms, surgida em Nova York em meados do fim da década de 70, consiste em uma comunidade performática e de competição LGBT que, em sua formação original, era majoritariamente parte de uma expressão cultural negra e latina dos EUA. Desde a sua formação, suas práticas têm sido exploradas pela cultura mainstream e, dessa forma, sua existência ultrapassou os limites periféricos das grandes cidades norte-americanas e é hoje uma cultura em processo de transnacionalização com expressivas formações em países da Europa e América do Sul, especialmente o Brasil. Porém, apesar de haver esse movimento cultural transnacional e se tratar de uma cultura que, a priori, propõe uma prática subversiva contra as hegemonias que reprimem essas minorias, há um controle por parte das comunidades originárias dessa cultura (em específico, as norte-americanas) para que as comunidades europeias e latino-americanas respondam às demandas desses grupos originários e, mais do que isso, procurem por seu reconhecimento. Sendo assim, pretende-se aqui não apenas observar as práticas desses grupos, as questões de gênero e sexualidade que envolvem suas performances e o papel linguístico dentro dessa dinâmica grupal, mas também o processo pelo qual a transnacionalização se dá, quais diferenças e inovações nas práticas do grupo essa transnacionalização provoca e por quais dispositivos se dá o controle dessas comunidades pelos grupos “originais” americanos.
Palavras-chave: Transnacionalismo - Aspectos culturais; Performance; Sociolinguística; Linguagem e cultura.