Resumo

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Psicologia e concepção de pessoa como questões estéticas da primeira versão de Quincas Borba

Janaina Tatim

Orientador(a): Jefferson Cano

Mestrado em Teoria e História Literária - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - T187p


Resumo:
Essa dissertação aborda a psicologia e a concepção de pessoa humana e moral como mediações estéticas fundamentais do realismo de Machado de Assis, to-mando Quincas Borba, em sua primeira versão, como corpus de investigação. Embora utilize majoritariamente a fatura do texto tal como publicado entre 1886 a 1891 na revista A Estação, fundam minhas interrogações menos o hori-zonte editorial e mais o horizonte intelectual e histórico de elaboração do ro-mance. A dissertação levanta elementos estéticos dominantes na primeira ver-são e os examina à luz de uma constelação de problemas que extrapola esse romance em particular, fazendo referência ao arcabouço epistemológico do lite-rário e suas personagens-pessoas. Busco compreender como pressupostos esté-ticos levantados de textos críticos do escritor se fazem dispositivos de composi-ção do romance, resultando em uma poética preocupada com o que permeia as relações interpessoais e a subjetivação, e que institui a qualidade de “moral e humana” da pessoa como um efeito de relações – e não como resultado de de-terminantes metafísicos ou científicos. A nucleação da representação a partir da pessoa moral e humana contraria, assim, determinismos postos na ordem ex-terna à composição estética. Desenvolvo essa questão, em primeiro lugar, a par-tir da obra de Machado de Assis, seus romances, críticas, crônicas e contos, e, depois, a partir da leitura de obras presentes em sua biblioteca pessoal, as quais contribuem para mapear possíveis referências sobre a psicologia humana, com especial atenção à entrada da noção de inconsciente em sua literatura, a qual também localizo e interpreto. Busco compreender, ainda, como ao mostrar por dentro a psicologia e as relações intersubjetivas de suas pessoas, Machado as enlaça ao processo social e econômico de passagem de uma sociedade de ba-se escravista para a ordem moderna e capitalista de relações monetarizadas. A noção de propriedade se torna nevrálgica no Quincas Borba, e aparece tanto nos termos da dominação sexual patriarcal, quanto no processo de avanço do capi-talismo naquela sociedade, donde surgem tensões em torno da subjetivação sob a forma do indivíduo, um modelo de inscrição dos sujeitos que os define a partir de relações de posse. Acessando o modo como as personagens-pessoa operam e contradizem a gramática de sua própria dominação, discuto, finalmente, como o romance expõe a erosão da validade das relações baseadas na propriedade da pessoa em si.

Palavras-chave: Assis, Machado de, 1839-1908. Quincas Borba - Crítica e interpretação; Ficção brasileira - História e crítica; Realismo na literatura; Estética na literatura; Psicologia e literatura.

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