Resumo

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A vida por um fio : no limi(t)ar de um acontecimento

Thais Caroline Alves

Orientador(a): Maria José Rodrigues Faria Coracini

Mestrado em Linguística Aplicada - 2018

Nro. chamada: TESE DIGITAL - AL87v


Resumo:
Esta pesquisa estuda as representações de vida-morte no dizer de pessoas que passaram por alguma situação de quase-morte e visa contribuir para a construção de um novo olhar sobre a morte, comumente tão ignorada pela sociedade, ainda que seja uma condição imutável. É nesse sentido que este estudo se situa no grupo de pesquisa “Vozes (in)fames: exclusão e resistência”, coordenado pela Profa Dra. Maria José Coracini, já que em nossa língua-cultura (CORACINI, 2007) não só o dizer sobre a morte é silenciado, como o ouvir também. Tendo em vista tudo isso e partindo do pressuposto de que não é possível ao sujeito ter controle sobre si e sobre as situações que o cercam, lançamos a hipótese de que uma situação de quase-morte funciona como acontecimento (DERRIDA, [2001] 2004; FOUCAULT, [1966] 2016, [1969] 1986, [1970] 1996, 2009, 2012). Em outras palavras, o susto da proximidade com a morte traria à consciência, mesmo que por alguns minutos, a incompletude da vida e a falta de controle sobre todas as coisas (DERRIDA, 2002) – seria o Real (LACAN, [1975] 1985) que se impõe – e toda a vida, a partir disso, passaria a ser repensada. Para realizar este estudo, buscamos captar, a partir de testemunhos-ficção (DERRIDA, [1998] 2015), as representações de vida-morte que emergissem dos dizeres de cinco participantes, assim como observar a presença, ou não, de marcas linguísticas que apontassem para a possibilidade de uma situação de quase-morte ser encarada como um acontecimento. Tivemos, como alguns de nossos resultados, a associação da experiência de quase-morte ao susto; a busca por uma explicação palpável para aquilo que, na verdade, não tinha explicação; a tentativa de abrandar o Real da morte por meio de já-ditos de nossa língua-cultura (senso comum, religião, bem-estar...); e o relato de mudanças com relação à percepção da vida-morte que, muitas vezes, por questões de autopreservação, acaba(ra)m caindo no esquecimento. Em suma, essas e outras representações encontradas ao longo de nosso trabalho levaram-nos à conclusão de que nossa hipótese inicial pode, sim, ser confirmada.


Palavras-chave: Experiências de quase-morte - Ficção; Percepção - Estudo de casos; Representação (Linguística); Semântica do acontecimento.

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