Resumo

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A marcação diferencial de objeto no português : um estudo sintático-diacrônico

Aline Jéssica Pires

Orientador(a): Sonia Maria Lazzarini Cyrino

Mestrado em Linguística - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - P665m


Resumo:
O presente trabalho analisa, na história do português, o fenômeno conhecido como “Marcação Diferencial do Objeto”, que consiste na marcação do objeto direto por uma preposição. Sobre o português, geralmente, adota-se que o fenômeno ocorre apenas com a preposição a. Para a realização de tal tarefa, são analisados dados do português do período que compreende os séculos XVI a XIX coletados em textos escritos por autores portugueses que constituem o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe e o Corpus Post Scriptum (Arquivo Digital de Escrita Quotidiana em Portugal e Espanha na Época Moderna). O trabalho tem dois objetivos principais: (i) a descrição e a análise das características do fenômeno no português e (ii) verificar a influência da língua espanhola sobre o português. Os fatores analisados neste trabalho são aqueles apontados na literatura da área como desencadeadores da marcação diferencial. Dentre esses, está a presença dos traços semânticos de animacidade, definitude e especificidade, e a natureza categorial dos objetos diretos que são marcados diferencialmente. Neste trabalho, investigamos se a presença da Marcação Diferencial do Objeto no português decorre da influência da língua espanhola. Essa hipótese é motivada por alguns fatos, como, por exemplo, a alta frequência de objetos marcados diferencialmente no espanhol e a grande influência que a Espanha exerceu sobre o Portugal, que se iniciou antes mesmo da criação da União Ibérica (1580-1640). Estudos O presente trabalho analisa, na história do português, o fenômeno conhecido como “Marcação Diferencial do Objeto”, que consiste na marcação do objeto direto por uma preposição. Sobre o português, geralmente, adota-se que o fenômeno ocorre apenas com a preposição a. Para a realização de tal tarefa, são analisados dados do português do período que compreende os séculos XVI a XIX coletados em textos escritos por autores portugueses que constituem o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe e o Corpus Post Scriptum (Arquivo Digital de Escrita Quotidiana em Portugal e Espanha na Época Moderna). O trabalho tem dois objetivos principais: (i) a descrição e a análise das características do fenômeno no português e (ii) verificar a influência da língua espanhola sobre o português. Os fatores analisados neste trabalho são aqueles apontados na literatura da área como desencadeadores da marcação diferencial. Dentre esses, está a presença dos traços semânticos de animacidade, definitude e especificidade, e a natureza categorial dos objetos diretos que são marcados diferencialmente. Neste trabalho, investigamos se a presença da Marcação Diferencial do Objeto no português decorre da influência da língua espanhola. Essa hipótese é motivada por alguns fatos, como, por exemplo, a alta frequência de objetos marcados diferencialmente no espanhol e a grande influência que a Espanha exerceu sobre o Portugal, que se iniciou antes mesmo da criação da União Ibérica (1580-1640). Estudos sobre o português atestam que o fenômeno sofreu uma diminuição na frequência de ocorrência na história (RAMOS, 1992; GIBRAIL, 2003; DÖHLA, 2014; PIRES, 2016). Considerando isso, neste trabalho foram comparados dados dos séculos XVI e XVII em que o objeto direto é marcado pela preposição a e dados em que o objeto direto não recebe nenhuma marcação diferencial, ou seja, casos típicos de objeto direto. Os resultados dos dados analisados indicam que no período em que Portugal esteve sob o domínio da Espanha há um aumento na frequência do fenômeno, entretanto, a distribuição da Marcação Diferencial de Objeto no português se difere da distribuição do fenômeno no espanhol dos séculos aqui analisados. Nos séculos XVI e XVII, o fenômeno ocorria obrigatoriamente no espanhol com pronomes pessoais e nomes próprios, e opcionalmente com DPs humanos (GARCÍA, 1993; COMPANY COMPANY 2003). Nossos resultados revelam que no português dos mesmos séculos, a obrigatoriedade da Marcação Diferencial de Objeto pela preposição a não ocorre em nenhum desses contextos. Atestamos, também, uma alta frequência de ocorrência do fenômeno com DPs, nomes próprios, títulos de nobreza e pronomes plenos com função de objeto direto quando os traços semânticos da animacidade, definitude e especificidade têm presença positiva.

Palavras-chave: Marcação (Linguística); Língua portuguesa - Orações; Língua portuguesa - Preposições; Gramática comparada e geral - Preposições; Linguística histórica.

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