Resumo

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"Entre história e ficção : algumas leituras sobre a produção literária em torno da economia da borracha: 1870 - 1930"

Roberto José da Silva

Orientador(a): Francisco Foot Hardman

Co-orientador(a): Leopoldo Marcos Garcia Lopes Bernucci

Doutorado em Teoria e História Literária - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Si38e


Resumo:
O ciclo econômico da borracha no Brasil (1850 - 1920) proporcionou uma produção bibliográfica dos mais diversos tipos de textos, desde crônicas e relatos de viajantes, textos históricos a textos ficcionais (romances - contos e poesias). A tese aqui apresentada tem como objetivo examinar textos de caráter históricos e ficcionais correspondentes ao final do século XIX até a década de 1930. Nessa tese analiso os ensaios de Euclides da Cunha sobre a Amazônia e a prosa de ficção que trata sobre migração do sertanejo do Nordeste para a Amazônia. A farta matéria prima natural que a floresta amazônica possuía, com necessidade de grande número de mão de obra, e as secas do Nordeste, que expulsavam os nordestinos para a Amazônia, foram os dois fatores decisivos no fortalecimento da economia da borracha na Amazônia. Essa migração forçosa e o trabalho aviltante nos seringais proporcionou uma vasta bibliografia dos mais diversos tipos de textos sobre esse assunto. Vários estudiosos e ficcionistas denunciaram esses dois problemas - as secas e o trabalho espoliativo da extração da borracha - como resultado do atraso do país e de regiões abandonadas pelo Estado, destacando-se Rodolfo Teófilo e Alberto Rangel na ficção e Euclides da Cunha na história. O caminho a ser percorrido na escrita da tese e análise dos textos é o da ordem temporal de publicação das obras sobre esse assunto. Assim, nessa tese, inicio a análise pelo romance O Paroara (1899), de Rodolfo Teófilo, em seguida Alberto Rangel, com os livros de contos Inferno Verde (1908) e Sombras N’água (1913), depois Euclides da Cunha, com seus ensaios sobre a Amazônia (1904 a 1909) e, por fim, Lauro Palhano, com os romances O Gororoba: cenas da vida proletária do Brasil (1931) e Marupiara (1935), como representação da enorme bibliografia ficcional que se seguiu a partir de 1930. Assim, a tese ora proposta versa sobre a análise de textos tanto de história, quanto de ficção sobre a economia da borracha. A produção ficcional sobre esse tema tem como pano de fundo a realidade colhida por prosadores que se preocuparam em denunciar as secas que flagelavam os nordestinos e os empurravam para os seringais da Amazônia, onde encontravam um sistema muito bem arquitetado para espoliá-los. Numa crítica mais dura, Euclides da Cunha também denunciou a degradação dos sertanejos nos seringais do Alto Amazonas, o que tornou seus ensaios referências imprescindíveis para historiadores e ficcionistas ulteriores escrever seus textos sobre a economia da borracha.Outro aspecto a ser trabalhado nos três primeiros capítulos é o conceito de que nos textos de Rodolfo Teófilo, Alberto Rangel e Euclides da Cunha já encontramos o empenho em explorar os aspectos linguísticos da fala do homem comum, assim como o compromisso em denunciar o atraso e pobreza do país, ao figurar as massas como protagonista principal em seus textos, desconstruindo a ideia de que só encontremos esses aspectos na literatura a partir da Semana de Arte Moderna de 1922 e do chamado “romance social de 1930” .


Palavras-chave: Cunha, Euclides da, 1866-1909 - Crítica e interpretação; Borracha - Brasil - Aspectos econômicos - Séc. XIX-XX; Borracha - Amazônia - História - Séc. XIX-XX; Borracha - Amazônia - Ficção - Séc. XIX-XX; Migração interna - Brasil - Aspectos econômicos - Séc. XIX-XX; Sertanejos - Amazônia - História - Séc. XIX-XX; Sertanejos - Amazônia - Ficção - Séc. XIX-XX.

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