Resumo

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A construção dos 'sujeitos brasileiros' na enunciação de Getúlio Vargas

Renata Ortiz Brandão

Orientador(a): Sheila Elias de Oliveira

Mestrado em Linguística - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Or8c


Resumo:
Esta dissertação de mestrado apresenta uma análise semântica da enunciação de Getúlio Vargas ao tomar a palavra enquanto presidente em alguns de seus manifestos e pronunciamentos, produzidos ao longo de seus diferentes períodos de governo. Nesta análise, observamos como Vargas, enquanto locutor-presidente, produz sentidos para si próprio e para os sujeitos brasileiros ao nomeá-los, inscrevendo-os nos fios do seu dizer. Buscamos, assim, compreender os modos de identificação do sujeito brasileiro pelo Estado e de construção da relação entre governante e governados, a partir da enunciação do locutor-presidente. O estudo está ancorado na Semântica do Acontecimento, que assume uma posição materialista sobre o funcionamento da linguagem, e dialoga, por essa via, com a Análise de Discurso de filiação francesa. Nessa perspectiva, se busca compreender os movimentos políticos das palavras nos gestos de afirmação no dizer e em sua inscrição em posições ideológicas presentes na sociedade, entendendo que a tomada da palavra se dá por uma disputa de lugares e sentidos, o que produz efeito sobre o real. Nossos resultados mostram que há um litígio que significa pela designação de povo brasileiro e brasileiros: tais nomeações vão construindo no dizer uma coletividade constituída apenas por partidários ao Governo e da qual, desse modo, não fazem parte os opositores a Getúlio Vargas. Ao se dirigir a eles e nomeá-los de modo vago e negativo, o locutor-presidente produz partições no povo e exclui os contrários daquilo que se constrói enunciativamente como a coletividade dos sujeitos brasileiros na sua relação com o Estado. Ao mesmo tempo, a tomada da palavra pelo locutor nos diferentes modos de estar chefe de Estado constrói um conjunto de imagens para Getúlio Vargas, enquanto governante, por nomeações que o apresentam ora como o que tem autoridade, porque apoiado pelas Forças Armadas, ora como o que a tem porque fala em nome do povo brasileiro e porque está submetido a ele. No entanto, todo o seu dizer, pela designação de povo brasileiro e brasileiros, aponta a submissão na direção contrária, isto é, dos sujeitos brasileiros ao governo, colocados no lugar da subserviência, da aceitação, do apoio e da veneração ao governo de Vargas. Esse movimento dos sentidos mobiliza um discurso que se constrói no entrecruzamento do autoritarismo com o militarismo, o que produz efeitos na construção de sentidos para a República, tal como se constituiu e se consolidou no Brasil durante a Era Vargas.

Palavras-chave: Vargas, Getúlio, 1882-1954 - Discursos, ensaios, conferências; Semântica do acontecimento; Enunciação (Linguística); Designação (Linguística); Sujeito (Análise do discurso); Brasil. Presidente (1930-1945 : Vargas); Brasil. Presidente (1951-1954 : Vargas)

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