Resumo

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Memórias e histórias de professores brasileiros em escolas bi/multilíngues de elite

Antonieta Heyden Megale

Orientador(a): Terezinha de Jesus Machado Maher

Co-orientador(a): Ana Cecília Cossi Bizon

Doutorado em Linguística Aplicada - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - M472m


Resumo:
Nos tempos atuais, com o acirramento da globalização, presencia-se uma alteração substantiva no panorama social, cultural e linguístico mundial (BLOMMAERT; RAMPTON, 2011). Nesse cenário, é notória a expansão da língua inglesa no planeta, representada, por muitos, como um bem cultural de muito valor no mercado linguístico (RAJAGOPALAN, 2009). No Brasil, país marcadamente multilíngue (CAVALCANTI, 1999; OLIVEIRA, 2009) e constituído por povos de origens diversas, o ensino de línguas vem sofrendo inúmeras mudanças ao longo dos anos. Evidencia-se, portanto, um crescimento significativo, no Brasil, de escolas bilíngues e internacionais que têm como línguas de instrução o inglês e o português. A demanda por parâmetros legais que regulem e norteiem essas escolas torna-se cada vez mais premente em face do aumento do número dessas instituições e, consequentemente, da necessidade de formação de professores que atuem nesse contexto. No entanto, que o número de pesquisas que forneçam subsídios para que se tenha uma melhor compreensão do perfil desses educadores é, ainda, muito escassa. De forma a contribuir para minimizar essa lacuna, esta tese, que se inscreve no âmbito da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) e Transgressiva (PENNYCOOK, 2006), descreve um estudo de natureza qualitativa-interpretativista, cujo objetivo foi compreender como 06 professores que atuam em escolas internacionais ou em escolas bilíngues brasileiras narram a si mesmos e posicionam-se em relação à sua identidade profissional. Fazendo uso de narrativas autobiográficas (BAMBERG, 2006; PAVLENKO, 2007, entre outros) como aporte teórico-metodológico, buscou-se investigar, mais especificamente, o modo como os participantes da pesquisa se posicionam quanto (I) ao seu repertório linguístico e aos de seus alunos e (II) ao cenário em que atuam. As narrativas dos professores foram produzidas oralmente, gravadas e, posteriormente, transcritas para a análise. Após a produção dessas narrativas, os professores foram convidados a traçar seus “retratos linguísticos” (BUSCH, 2010) e, em seguida, a interpretar oralmente esses “retratos”. Essas interpretações foram, juntamente com as primeiras narrativas, objetos de análise desta pesquisa. Esse conjunto de dados foi analisado considerando os conceitos de posicionamento (DAVIES; HARRÉ, 1990), pistas indexicalizadoras (WORTHAM, 2001), fronteiras simbólicas (VAN HOUTUM, 2011; BRAMBILLA, 2014), cultura (KRAMSCH, 1998; 2001; 2013), interculturalidade (MAHER, 2007a; CANDAU, 2008), repertório linguístico (BUSCH, 2012; 2015) e sujeito bilíngue (GARCÍA, 2009; MAHER, 2007b).Os resultados obtidos variaram muito, atestando a heterogeneidade de posicionamentos dos docentes no que se refere aos seus repertórios linguísticos e aos repertórios de seus alunos. Enquanto, por exemplo, alguns dos participantes da pesquisa posicionaram a língua inglesa como uma ferramenta para a mobilidade, outros posicionaram essa língua estrangeira como uma língua com a qual não possuem vínculo afetivo, ou, ainda, narraram a sensação de falta que o inglês lhes suscita. O português, por outro lado, foi posicionado tanto como uma língua por meio da qual é possível perceber o mundo, quanto, por vezes, como uma língua relacionada aos afetos e emoções. Alguns professores narraram os repertórios linguísticos dos alunos como deficitários, enquanto outros reconheceram as práticas translíngues desses alunos como legitimas de sujeitos bilíngues. No que tange aos ambientes profissionais em que atuam, esses ambientes foram, ora percebidos positivamente, ora como impeditivos de práticas docentes produtivas. Alguns professores se posicionaram em relação às fronteiras culturais construídas dentro dessas instituições no que se refere ao agrupamento de alunos ou de professores. Espera-se que o estudo aqui apresentado possa contribuir para aumentar a compreensão acerca de aspectos importantes que caracterizam o profissional que atua em escolas bilíngues brasileiras e escolas internacionais, e, consequentemente, sobre quais são os parâmetros que devem orientar a sua formação para a docência nessas instituições.

Palavras-chave: Educação bilíngüe - Brasil; Elites (Ciências sociais) - Educação - Brasil; Língua inglesa - Globalização; Língua inglesa - Uso; Professores - Brasil - Narrativas pessoais; Memória autobiográfica; Fronteiras.

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