Resumo

Versão para impressão
Somos mais que isso : práticas de (re)existência de migrantes e refugiados frente à despossessão e ao não reconhecimento

Renata Franck Mendonça de Anunciação

Orientador(a): Terezinha de Jesus Machado Maher

Mestrado em Linguística Aplicada - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - An89s


Resumo:

Considerando a relação intrínseca entre poder, língua(gem) e identidade (SILVA, 2000; EDWARDS & USHER, 2002), esta dissertação tem por objetivo compreender como migrantes haitianos e refugiados sírios, alunos do projeto de extensão Português Brasileiro para Migração Humanitária (PBMIH) da Universidade Federal do Paraná, representam sua agentividade no novo contexto social, linguístico, cultural e político no qual se encontram inseridos. O referencial teórico utilizado inclui considerações acerca (i) das políticas contemporâneas de inserção de migrantes e refugiados no Brasil (MOREIRA, 2014); (ii) dos processos de despossessão e não reconhecimento de sujeitos nas sociedades contemporâneas (SANTOS, 2000; APPADURAI, 2009; BUTLER & ATHANASIOU, 2013); (iii) das práticas de (re)existência frente à despossessão e ao não reconhecimento (ALBÁN, 2007, 2012) e (iv) do ensino crítico de língua adicional em contexto de migração e de refúgio (ALBUQUERQUE, GABRIEL & ANUNCIAÇÃO, 2016; LOPEZ, 2016; SÃO BERNARDO, 2016). A pesquisa em questão se justifica quando se considera que, até o momento, a literatura especializada sobre o ensino de português para migrantes e refugiados no Brasil ainda é escassa (AMADO, 2011; LOPEZ, 2016; SÃO BERNARDO, 2016). Além disso, esta investigação também se justifica pelo fato de que ela buscou ouvir as experiências de migrantes e refugiados, questionando, assim, as narrativas dominantes (ALBÁN, 2007, 2012; ADICHIE, 2009), que essencializam e, com frequência, marginalizam esse contingente populacional. Os procedimentos metodológicos adotados para a geração de registros desta pesquisa qualitativa incluem diário de campo, feito a partir de observações etnográficas, aplicação de questionário, realização de entrevistas semiestruturadas e gravações em áudio de interações em sala de aula (DA ROCHA FALCÃO & RÉGNIER, 2007; CARSPECKEN, 2011). Os resultados da pesquisa sugerem que os participantes adotam práticas de (re)existência, em um exercício criativo e reflexivo de sua agência (VITANOVA, 2005; ALBÁN, 2007, 2012), para questionar e se opor aos processos verticais de despossessão e de não reconhecimento (SANTOS, 2000; BUTLER & ATHANASIOU, 2013). Diante desse posicionamento dos participantes, os resultados apontaram também para a necessidade de se repensar o conceito de Língua de Acolhimento (ANÇÃ, 2008; CABETE, 2010; GROSSO, 2010), considerando as especificidades sociais, históricas e políticas do Brasil. A expectativa é que os resultados dessa investigação possam se constituir em subsídios para o planejamento de ensino de português como Língua de Acolhimento social e politicamente responsável e relevante em cursos voltados para membros de comunidades de migrantes e refugiados no país.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Brasil; Língua portuguesa - Estudo e ensino - Falantes estrangeiros - Aspectos sociais; Imigrantes - Brasil; Haitianos - Brasil - Identidade étnica - Aspectos políticos; Refugiados - Brasil - Identidade étnica - Aspectos políticos; Síria - História - Guerra civil, 2011- - Refugiados.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.