Resumo

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As divisões da língua portuguesa no espaço de enunciação uruguaio

Gabriel Leopoldino dos Santos

Orientador(a): Eduardo Roberto Junqueira Guimarães

Doutorado em Linguística - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Sa59d


Resumo:
Este trabalho propõe-se apresentar análises que desvelam os contornos da política de línguas no/do Uruguai. O enfoque particular destas análises está nos processos simbólico-políticos que dividem o português e o distribuem desigualmente aos seus falantes no espaço de enunciação. A partir do dispositivo teórico-metodológico da semântica do acontecimento, o fato de linguagem que se objetiva compreender é o da designação do nome português, ou do nome língua portuguesa, no espaço de enunciação uruguaio. O corpus é constituído de enunciados recortados de documentos oficiais reguladores dos dois únicos cursos de formação docente em língua portuguesa no Uruguai até então: o Professorado de Português do Centro Regional de Profesores del Norte (Ce.R.P. del Norte), localizado na cidade de Rivera, a qual faz fronteira com a cidade brasileira de Santana do Livramento, e o Professorado de Português do Instituto de Profesores Artigas (IPA), localizado na capital Montevidéu. As discussões aqui empreendidas põem em cena o batimento entre o real multilíngue que caracteriza o espaço de funcionamento das línguas no Uruguai e um imaginário monolíngue que, desde meados do século XIX, se constrói por meio de uma política de línguas de Estado que institui o espanhol como o idioma nacional e como expressão da identidade uruguaia. Relativamente a esse imaginário e à história política do Uruguai, pode-se dizer que o português sempre foi tido como uma língua que precisava ser administrada, isto é, regulada para que seu funcionamento não representasse uma ameaça à soberania nacional. As análises da designação de português, ou de língua portuguesa, que esta tese dá a conhecer mostram como tal política de línguas materializa-se na enunciação dos documentos oficiais que integraram o material de pesquisa. Será possível observar que os acontecimentos enunciativos de tais textos recortam, sob a forma de memoráveis, principalmente um conjunto de enunciações da ciência linguística, mais especificamente da sociolinguística e da pragmática, para sustentar uma posição de Estado homogeneizadora em face da questão das línguas em relação, incluindo-se aí a relação litigiosa entre o português, de um lado, e o idioma nacional, de outro. Finalmente, esta tese visa a construir uma reflexão materialista acerca da conexão entre linguagem, história e poder, produzindo-se, assim, uma diferença com a maioria dos estudos que já se debruçou sobre a situação linguística do Uruguai.

Palavras-chave: Semântica do acontecimento; Designação (Linguística); Política linguística - Uruguai; Enunciação (Linguística); Língua portuguesa - Países estrangeiros - Aspectos políticos; Documentos oficiais - Uruguai.

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