Resumo

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Português como língua de herança na Catalunha : representações sobre proficiência, identificação e afetividade

Andreia Sanchez Moroni

Orientador(a): Terezinha de Jesus Machado Maher

Co-orientador(a): Emili Boix i Fuster

Doutorado em Linguística Aplicada - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - M829p


Resumo:
Nesta tese pretendo descrever uma pesquisa cujo objetivo foi conhecer e interpretar as representações de um grupo de adultos vinculados à Associação de Pais de Brasileirinhos na Catalunha (APBC) sobre as políticas linguísticas familiares e institucionais relativas ao Português como Língua de Herança (PLH) nesse contexto. Para tanto, fez-se uso de subsídios advindos da Linguística Aplicada brasileira e da Sociolinguística catalã, áreas de estudo interdisciplinares. O PLH, isto é, o português usado por brasileiros emigrados quando ainda crianças ou jovens, ou por filhos de brasileiros nascidos fora do Brasil, se caracteriza por derivar de deslocamento geográfico e por ser língua minoritária em contato com a(s) língua(s) majoritária(s) da sociedade de acolhida. Seu aprendizado é intermitente e costuma se dar no interior da família, de modo informal e, em geral, pouco sistematizado. Os procedimentos metodológicos utilizados na investigação incluíram (i) questionários aplicados a um grupo de pais e professoras da instituição; (ii) entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio, com esses participantes da pesquisa; (iii) gravação de discussão ocorrida em um grupo focal com alguns desses sujeitos e (iv) observação participante de algumas das atividades desenvolvidas na APBC. Exceto pelos questionários, esse conjunto de dados foi analisado de uma perspectiva qualitativa. O aparato teórico utilizado como suporte para a análise desse corpus incluiu, dentre outras, reflexões sobre afetividade e multilinguismo (PAVLENKO, 2005), repertórios linguísticos (BUSCH, 2012), práticas translíngues (GARCIA, 2009; CANAGARAJAH, 2013) e políticas linguísticas (SPOLSKY, 2012; 2004). O corpus analisado sugere – ou corrobora achados já apontados em estudos anteriores – que (1) os níveis de fluência em PLH considerados nesse tipo de contexto tendem a ser bastante heterogêneos: eles compreendem desde entender um pouco do que é dito na língua a usá-la com desenvoltura em registros cultos; (2) o perfil do que se considera “usuário de língua de herança” se relaciona não apenas com o conhecimento da língua, mas, também, com o sentimento de identificação/pertencimento à cultura e nacionalidade do grupo que a usa; (3) a questão da afetividade emerge e determina muitas das relações construídas entre usuários de PLH. Observou-se ainda que a especificidade da sociedade de acolhida pode ser um fator determinante no modo como as ideologias linguísticas das famílias operam nesses contextos. Neste caso específico, em que o catalão opera como língua cooficial da Catalunha, ao lado do espanhol, parece haver uma tendência das famílias a valorizar o bi/plurilinguismo de seus filhos e o PLH é parte do que faz com que as crianças sejam identificadas como plurilíngues. Os dados analisados também parecem evidenciar que o papel dos progenitores não brasileiros do estudo tende a ser decisivo no processo de transmissão de PLH, mesmo quando eles não são fluentes em português. Por último, importa ressaltar que, em diversos momentos, as representações de falantes de PLH analisadas se aproximam mais dos paradigmas do que seria o cidadão global plurilíngue (JAFFE, 2012) do que daqueles que remetem ao cidadão nacional monolíngue, algo que nem sempre é percebido pelos progenitores participantes da pesquisa em pauta.

Palavras-chave: Associação de Pais de Brasileirinhos na Catalunha; Língua portuguesa - Países estrangeiros; Falantes de língua de herança; Política linguística; Família e educação; Sociolinguística; Catalunha (Espanha).

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