Resumo

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O ENEM e a política linguística para o inglês no Brasil : da legislação às representações de coordenadores, professores e alunos em um contexto de ensino

Andrea Barros Carvalho de Oliveira

Orientador(a): Matilde Virginia Ricardi Scaramucci

Doutorado em Linguística Aplicada - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - OL4e


Resumo:
O objetivo desta pesquisa foi investigar a política linguística para o inglês em vigor no Brasil, analisando a legislação para o idioma, dois programas institucionais e os efeitos da Prova de Inglês do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nas representações e nas práticas de estudantes, professores e coordenadores oriundos da escola pública. Visto que exames são considerados mecanismos de política linguística (SHOHAMY, 2006), o objetivo estabelecido para este estudo era compreender se o ENEM (um exame de alta relevância no cenário nacional) legitimava as representações acerca da língua inglesa (LI) compartilhadas socialmente e se o exame fomentava práticas de estudo relacionadas ao idioma. De acordo com a concepção teórica adotada nesta tese, baseada em Spolsky (2004) e Shohamy (2006), a compreensão da política linguística não deve se restringir ao exame do que está manifesto na legislação e nos programas institucionais, visto que a política real ou, de fato, é colocada em prática por meio de mecanismos, ou seja, de recursos implícitos que vão desde placas de trânsito à exames de línguas. Nessa concepção, a análise da política linguística para uma língua envolve três aspectos: as representações da comunidade em termos dos usos, do valor e de como a língua deve ser ensinada; os mecanismos e as práticas sociais em que o idioma está presente. Considerando essas premissas, a geração de dados foi realizada com estudantes de um curso pré-vestibular comunitário e com professores e coordenadores de inglês da rede pública estadual. Do ponto de vista metodológico, esta é uma pesquisa interpretativista em que se utilizou a entrevista semi-estruturada com o objetivo de realizar um levantamento tanto das representações dos participantes sobre o tema proposto quanto das práticas linguísticas porventura adotadas. O conceito de representação, entendido como uma forma de produzir significado para as coisas e eventos do mundo por meio da língua(gem) (HALL, 2007), fundamentou a análise das entrevistas. Além das entrevistas, a pesquisa também envolveu a análise documental, na qual o foco recaiu sobre os itens da prova de Inglês do ENEM (2016), sobre a legislação e sobre dois programas nacionais relacionados à língua inglesa e seu ensino. Nessa análise, verificou-se que a Reforma do Ensino Médio, ao instaurar a obrigatoriedade do ensino de inglês na esfera legal, estabeleceu uma mudança na Política Linguística para esse idioma, que passou a ser explícita. A análise da Prova de Inglês do ENEM mostrou que os itens são elaborados com base em sub habilidades de leitura elementares e, por isso, não representam uma boa avaliação de leitura, que envolveria a ativação de habilidades mais complexas de compreensão geral, de compreensão de implícitos e de avaliação crítica dos textos. Os dados empíricos revelaram pontos de convergência entre as representações dos estudantes, professores e coordenadores. Embora, os participantes atribuam um alto valor à língua inglesa, relacionando-a ao universo do trabalho, reiteram a ideia corrente de que “não se aprende inglês na escola pública”. Não houve menção a práticas de estudo/ensino relacionadas à Prova de inglês do ENEM nas falas dos estudantes, nem dos professores. Desta forma, o pressuposto inicial de que a presença da língua inglesa no ENEM posicionaria o exame como um mecanismo de política linguística não se confirmou, uma vez que não foram verificados efeitos retroativos ou um impacto significativo da prova de inglês do ENEM nas representações e nas práticas dos participantes deste estudo.

Palavras-chave: Exame Nacional do Ensino Médio (Brasil); Política linguística - Brasil; Língua inglesa - Estudo e ensino (Ensino médio) - Falantes de português; Língua inglesa - Exames, questões, etc; Prática de ensino - Escolas públicas - São Paulo (Estado); Representação (Linguística); Efeito retroativo.

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