Resumo

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Uma experiência de assessoria pedagógica em contexto editorial : letramento do professor para o local de trabalho

Carolina Assis Dias Vianna

Orientador(a): Ângela Kleiman

Doutorado em Linguística Aplicada - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - V655e


Resumo:
O presente trabalho de pesquisa tem como principal objetivo descrever uma experiência de assessoria pedagógica em contexto editorial, e visa identificar quais características dessa atividade podem dar subsídios para se (re)pensarem questões sobre a formação continuada de professores. Para tanto, adoto a perspectiva teórica sociocultural dos Estudos de Letramento (cf. HEATH, 1982; STREET, 1984; KLEIMAN, 1995) e a concepção dialógica de linguagem do Círculo de Bakhtin. Em termos metodológicos, realizo um estudo de caso de caráter qualitativo-interpretativista, narrando em primeira pessoa a experiência vivida descrita na tese, o que confere ao texto também um cunho autobiográfico. Os registros que deram origem aos dados analisados foram gerados no contexto de minha atuação como assessora pedagógica em uma grande editora do País, e consistem, entre outros, em relatórios, mensagens de email, questionário, fichas de avaliação, gravações em áudio. Um breve levantamento bibliográfico mostrou que há poucas e esparsas pesquisas acadêmicas investigando o contexto da assessoria pedagógica, menos ainda no cenário de editora, daí ter me dedicado a descrever mais detalhadamente o campo e suas características, a fim de produzir um texto do estado da arte. As análises dos dados de minha atuação como assessora pedagógica durante o período pesquisado (2010 – 2014) mostram que, justamente devido à pouca divulgação do serviço de assessoria pedagógica de editora, professores e coordenadores constroem representações sociais (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2001, 2015) divergentes sobre as funções de um assessor pedagógico de editora. Tais representações, por sua vez, influenciam diretamente nos tipos de eventos de assessoria a serem realizados nas escolas e em órgãos públicos, bem como interferem nos posicionamentos (LANGENHOVE E HARRÉ, 1999) e na construção e preservação das faces (GOFFMAN, 1980, 2002) da assessora e dos demais participantes nas interações realizadas nesses eventos. Em relação ao meu discurso como assessora, foi possível perceber que se trata de um discurso próximo dos padrões do discurso de divulgação científica (LOFFLER-LAURIAN, 1983, 1984; AUTHIER-REVUZ, 1998, 1999; GRILLO, 2006, entre outros), tendo em vista as estratégias utilizadas para transformar o discurso acadêmico e torná-lo mais adequado às demandas do letramento do professor para o seu local de trabalho (KLEIMAN, 2001; SANTOS E ORGE, 2010). As análises propostas levam-me a considerar que seja útil pensar na ideia de se promover uma postura culturalmente sensível (ERICKSON, 1982; BORTONI, 2004) e uma abordagem intercultural (MAHER, 2007) também nos cursos de formação continuada de professores de língua materna. Assim, tal formação pode se mostrar mais profícua e contribuir de fato para que formadores constituam-se em agentes de letramento (KLEIMAN, 2009), isto é, profissionais que mobilizam os recursos necessários para atuar na formação docente de forma compreender a visão dos professores, a fim de atendê-los em suas necessidades específicas. Isso porque, para realizar um trabalho bem sucedido em sala de aula, não é necessário que um professor domine práticas essencialmente acadêmicas, ou o letramento acadêmico, mas sim que seja capaz de mobilizar alguns conceitos em favor de sua prática pedagógica; em outras palavras, um letramento para o seu local de trabalho.

Palavras-chave: Sistemas de ensino - Brasil; Editores e edição - Brasil; Publicações educacionais; Professores - Formação - Brasil; Professores - Educação (Educação permanente) - Brasil; Letramento - Estudo e Ensino (Educação permanente) - Brasil.

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