Resumo

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Materialidade e contingência : contribuições à reflexão estética nos estudos literários

Matheus Barbosa Morais De Brito

Orientador(a): Fabio Akcelrud Durão

Co-orientador(a): Osvaldo Manuel Silvestre

Doutorado em Teoria e História Literária - 2017

Nro. chamada: TESE DIGITAL - D353m


Resumo:
A Teoria Literária surgiu, consolidou-se como disciplina e entrou em colapso durante o século XX. Enquanto parte da institucionalização do estudo acadêmico da literatura, a Teoria rechaçou tanto o historicismo associado à Filologia como a abordagem estético-filosófica da obra literária, promovendo o que seria um paradigma epistemológico mais “adequado”. Seu compromisso com a disciplina da Linguística, que alimentou o desprezo por fatores “extrínsecos” ao texto literário, foi para tal decisivo. No entanto, em consequência dos próprios limites metodológicos que subscreveu, e junto à crítica geral aos conceitos e interesses cognitivos tradicionais das Humanidades – crítica então levada a cabo pela “virada linguística” e a seguir pela “virada cultural” –, a Teoria da Literatura pouco a pouco perdeu espaço para outras formas de discurso. Trata-se da institucionalização do pós-estruturalismo e da Desconstrução, dos estudos culturais e demais abordagens temáticas – e de sua subsequente fragmentação no atual quadro “pós-teórico.” Em certo sentido, essas manifestações podem ser compreendidas como uma complexificação interna ao paradigma, como catálogos descritivos em disputa, e não como resultantes de uma ruptura radical. Permanece-lhes comum uma concepção transmissivo-semiótica da textualidade literária, apenas infletida no tocante à semântica textual. Por essa razão, os dissidentes não deixaram de incorrer em problemas análogos àqueles acusados nas abordagens tradicionais, e mesmo delas herdados – desde já do fato de que seu enlace com a linguística não só permaneceu inquestionado como se tornou sua ferramenta crítica por excelência. Entretanto, como contraparte dessas abordagens hoje correntes, fez-se progressivamente visível uma série de outras intenções teóricas, que se poderiam sumarizar como uma problematização da materialidade. Comum a essas outras intenções e junto a essa categoria, parece estar em operação uma epistemologia da não-identidade, dotada de uma dupla função: por um lado, permite-lhes serem mais do que simples recaídas nas abordagens pré-teóricas do historicismo e do esteticismo; por outro, exime-lhes de construírem seus catálogos descritivos com base nas mesmas regras da Teoria de penhor linguístico. Se, a princípio, poder-se-ia entender essa categoria – de materialidade – como signo de um retorno à Filologia, é também à volta dela que se percebe um retorno da Estética nos estudos literários. Nosso trabalho questiona e mensura a validade dessa teorização literária, com especial atenção à ideia de “contingência,” não-identidade. Para tal, seguimos sobretudo o percurso teórico-crítico de três autores: num momento, o trabalho de Hans Ulrich Gumbrecht, que de modo mais conceitualmente explícito, volumoso e inconstante esforça-se por elaborar a categoria da materialidade por vias radicalmente distintas daquela adotada pela tradicional teoria e pelas abordagens correntes; num outro, os trabalhos de Jerome McGann e Johanna Drucker, os quais procuraram implementar e medir de maneira prática o que poderia ser uma tal via alternativa, processo através do qual diferentes modelos emergiram. Consideramos como esses autores respondem ao atual cenário da teoria e da crítica literária e como suas reflexões têm ressonância dentro e fora desse contexto, isto é, como também se inserem numa discussão epistemológica mais ampla. Repensando os métodos de que se valem os estudos literários, este trabalho visa contribuir com a reorientação da teoria literária no âmbito da contemporânea reflexão estético-filosófica. Em última instância, pensar a materialidade exige não apenas que se considerem os predicados fundamentais e as premissas da teoria literária mas que se faça o esforço por sua transformação.

Palavras-chave: Literatura - História e crítica - Teoria, etc; Materialismo; Estética; Crítica textual; Epistemologia; Identidade (Conceito filosófico) na literatura.

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