Resumo

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Júlio Ribeiro na história das ideias linguísticas no Brasil

José Edicarlos de Aquino

Orientador(a): Carolina Maria Rodríguez Zuccolillo

Co-orientador(a): Jean-Marie Fournier

Doutorado em Linguística - 2016

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Aq56j


Resumo:

O presente trabalho analisa o lugar de Júlio Ribeiro na história das ideias linguísticas no Brasil. Situados no campo da História das Ideias Linguísticas, procuramos compreender como se constrói a imagem de Júlio Ribeiro como um autor fundador na história dos estudos sobre o português no Brasil em três instâncias: 1) nas pesquisas realizadas no eixo do projeto História das Ideias Linguísticas no Brasil e nas dissertações e teses que nos últimos anos, a partir dessas pesquisas, têm tomado o autor como objeto de estudo; 2) na sua própria obra; 3) na obra de autores posteriores a ele até a instauração da Norma Gramatical Brasileira em 1959. Com isso, mostramos como o próprio Júlio Ribeiro se representa numa história brasileira de reflexão sobre a linguagem e como ele é incorporado ou apagado no horizonte de retrospecção da gramatização brasileira. A análise do conjunto da obra de Júlio Ribeiro nos permitiu mapear as suas primeiras posições sobre o estudo das línguas e da linguagem e dar publicidade e analisar em detalhes obras do autor únicas no seu gênero em sua época e até agora completamente esquecidas, caso dos Traços Geraes de Linguistica, o primeiro livro de linguística produzido no Brasil, e a Holmes Brazileiro ou Grammatica da Puericia, um dos raros exemplares de gramática voltada para a infância no Brasil do século XIX. Além disso, pudemos verificar o modo como Júlio Ribeiro compõe os seus textos com a utilização de obras de terceiros em procedimentos de tradução e adaptação e com a reutilização dos seus próprios escritos, bem como o modo como o autor rebateu as acusações de plágio despertadas por esses métodos de composição de seus textos e em reação a seus posicionamentos teóricos mas também políticos. Aprofundando o conhecimento sobre as ideias linguísticas em circulação no Brasil na virada do século XIX para o século XX, nosso trabalho busca lançar um novo olhar sobre o próprio trabalho de Júlio Ribeiro como um gramático que adota a gramática histórica e comparada, apontando interpretações não ortodoxas quanto ao objeto central do comparatismo, a mudança linguística, e chamar a atenção para a existência de todo um movimento gramatical importante no Maranhão a ser considerado além do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, pela análise da polêmica entre Júlio Ribeiro e o maranhense Augusto Freire da Silva, mostrando que a gramática geral também foi modelo de cientificidade na gramatização brasileira do português. Além disso, defendemos que, para além de gramático, Júlio Ribeiro pode ser tomado também como um autor de linguística, que retoma e inova as questões da gramática histórica, e também como um historiador das ciências da linguagem, que apresenta interpretações particulares da história da linguística, inserindo a língua portuguesa e as línguas indígenas brasileiras nas questões gerais do conhecimento científico sobre a linguagem no século XIX. No fim das contas, pudemos concluir haver uma contradição entre um duplo apagamento de Júlio Ribeiro como referência para a realização de análises gramaticais e linguísticas e também da maior parte de suas obras no horizonte de retrospecção da gramatização brasileira e um discurso histórico, sustentado por um número reduzido de autores de finais do século XIX e primeira metade do século XX, que o coloca a cada instante em primeiro lugar na história dos estudos gramaticais e linguísticos no Brasil.

Palavras-chave: Ribeiro, Júlio, 1845-1890; Ideias linguísticas - História; Língua portuguesa - Brasil; Linguística - História; Gramática comparada e geral - História.

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