Resumo

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(D)o que falam essas mãos? : o lugar outro do intérprete de língua de sinais na aula de língua inglesa

Rejane Cristina de Carvalho Brito

Orientador(a): Maria José Rodrigues Faria Coracini

Doutorado em Linguística Aplicada - 2016

Nro. chamada: TESE DIGITAL - B777d


Resumo:
A escola regular inclusiva conta com a presença do intérprete de língua de sinais (ILS) para atender à população surda do país. De acordo com as leis e demais documentos que regulamentam e regem tanto a inclusão educacional dos surdos quanto a profissão do ILS, esse profissional é contratado na educação brasileira para atuar na interpretação/tradução das aulas e de outros momentos educacionais. Para isso, conforme os documentos nacionais, o intérprete deve ter conhecimento do par linguístico língua portuguesa-Libras (língua brasileira de sinais). No entanto, entre as disciplinas curriculares da educação, encontra-se a língua inglesa (LI) que não é prevista nos documentos como integrante da função de interpretação. Diante desse contexto, formulamos a hipótese de que a identidade do intérprete se constitui em um lugar tenso de múltiplas funções. Nosso objetivo é problematizar a formação, a função do intérprete de língua de sinais e a interpretação da aula de língua inglesa. Para tanto, nosso objetivo foi desdobrado em dois outros objetivos específicos: problematizar (i) a constituição identitária do intérprete de língua de sinais, assim como a sua função, sua prática e formação e (ii) a relação entre o ensino da língua inglesa e a interpretação. O corpus da pesquisa foi constituído de entrevistas orais com seis intérpretes, sobre a formação, a atividade profissional e a interpretação da aula de língua estrangeira. Além das entrevistas, como parte das condições de produção dos discursos, alguns documentos acerca da profissão do ILS também foram analisados. Este estudo foi desenvolvido a partir de uma perspectiva discursivo-filosófico-desconstrutivista, apoiada, principalmente, em filósofos como Michel Foucault e Jacques Derrida. Na análise, tecemos considerações acerca das representações flagradas na materialidade linguística acerca do que é interpretar e acerca das línguas envolvidas na aula de LI. Nas imagens entretecidas nos dizeres dos profissionais, temos o ILS relacionado ao assistencialismo social e como profissional universal da educação que pode atuar em diferentes frentes, assumindo funções relacionadas ou não ao ato de interpretar. Em relação à demanda dos documentos que regem a profissão, notamos haver conflito entre a demanda oficial que apresenta um ideal ético-profissional inatingível e a realidade da sala de aula. Ainda, quanto à LI, a língua estrangeira é anulada e/ou excluída da atividade de interpretação, aumentando a tensão e o conflito entre demanda e prática profissional. Deparamo-nos, também, com a interpretação sendo marcada pela impossibilidade na aula de língua inglesa, em um espaço outro, tenso, hostil/hospitaleiro ocupado pelo intérprete.

Palavras-chave: Intérpretes para surdos; Lingua inglesa - Estudo e ensino; Surdos - Educação - Brasil; Lingua brasileira de sinais; Educação inclusiva; Representação (Linguística); Tradução e interpretação.

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