Resumo

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"Igual ao biscoito recheado, aquele meio a meio, meio surda, meio ouvinte" : línguas, identidades e representações em um curso superior bilíngue (LIBRAS/Língua Portuguesa)

Andreza Barboza Nora

Orientador(a): Marilda do Couto Cavalcanti

Doutorado em Linguística Aplicada - 2016

Nro. chamada: TESE DIGITAL - N75i


Resumo:

A presente tese está inserida no campo dos estudos sobre contextos bilíngues de minorias (CAVALCANTI, 1999). Desenvolvida sob o paradigma da pesquisa interpretativista de cunho etnográfico (ERICKSON, 1984, 1989; CAVALCANTI, 2000, 2006; DENZIN e LINCOLN, 2006) e sob a ótica INdisciplinar (MOITA LOPES, 2006) da Linguística Aplicada, contém registros gerados ao longo de dois semestres letivos de permanência no campo, o Curso Superior Bilíngue de Pedagogia do Departamento de Ensino Superior (DESU) do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). O objetivo geral da pesquisa foi focalizar, nesse espaço sociolinguisticamente complexo, as representações que emergem acerca da identidade linguística de estudantes surdos, assim como as representações que são construídas pelos participantes da pesquisa sobre a condição bilíngue (LIBRAS/Língua Portuguesa) do Curso e a dos seus integrantes. Para fundamentar teoricamente a construção de respostas para as questões que nortearam a produção do estudo, empreendeu-se a interlocução entre conceitos advindos de diferentes campos do conhecimento. Destacam-se, inicialmente, aportes voltados ao fenômeno do bi/multilinguismo (CANAGARAJAH, 2011, 2013; GARCÍA, 2009), da educação bi/multilíngue (GARCÍA, 2009; MAHER, 2007; 2012), assim como ao da educação bilíngue para surdos no Brasil (SKLIAR, 1997b, 1998, 1999, 2010; FERNANDES, 2003, 2011, entre outros), basilares para a compreensão e a problematização do contexto educacional em que a pesquisa foi realizada. A esse aparato, somam-se os conceitos de representação (HALL, 1997; SILVA, 2009; WOODWARD, 2009), de identidade (HALL, 2009, 2011; SILVA, 2009; BAUMAN, 2005), de comunidade (BAUMAN, 2003), de políticas linguísticas (CALVET, 2007; SHOHAMY, 2006) e de ideologia linguística (KROSKRITY, 2004). No tocante à identidade linguística dos estudantes surdos, observou-se que as representações denotam um papel central e preponderante da língua de sinais. A prática de uso da LIBRAS aparece, com certa regularidade, associada a um ideal de unidade, de lealdade, como símbolo de pertencimento ao grupo e de uma identidade “legítima”. Quanto às representações sobre o cenário bilíngue do Curso, notou-se certo contraste entre a persistência de ideais monolíngues e o engajamento em práticas bi/multilíngues de seus integrantes. Além disso, foi verificado que as representações sobre o Curso vêm sendo construídas em dois diferentes polos, o do reconhecimento e o da contestação de seu caráter bilíngue, refletindo os atravessamentos discursivos inerentes à educação bilíngue para surdos no Brasil.

Palavras-chave: Surdos - Educação - Brasil; Minorias - Educação (Superior) - Brasil; Educação bilíngüe - Brasil; Língua portuguesa - Estudo e ensino (Superior) - Método bílingüe; Língua brasileira de sinais - Estudo e ensino (Superior) - Método bílingüe; Surdos - Identidade; Representação (Linguística).

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