Resumo: Esta pesquisa analisa dados de fala de três sujeitos afásicos em práticas discursivas com/sobre a linguagem, no CCA, Centro de Convivência de Afásicos, da Unicamp, a fim de reafirmar o papel do outro na estruturação da fala na afasia. Para tanto, confrontam-se 1) classificações e sintomas dessa patologia; 2) funções de áreas do cérebro e teorias da linguagem; 3) a fala em contextos enunciativo-discursivos. Tríade observada à luz de estudos de autores como Freud (1891) e Luria (1966, 1992, 1970), que tratam, respectivamente, de características funcionais da linguagem e do cérebro, e de concepções linguísticas a respeito da afasia, da fala e da subjetividade da linguagem, conforme Jakobson (1956/2003), Benveniste (1976, 1989) e Coudry, em “Diário de Narciso” (1986/88), obra que marca o ponto que inaugurou a Neurolinguística Discursiva. A partir desse campo teórico, ressalta-se a importância do outro para estruturação da fala afetada pela afasia, patologia que, originada por uma lesão no cérebro, se revela com marcas próprias de cada sujeito, tal como se dá na interação com CF, AM e BM, que têm lesões em localizações parecidas do cérebro. Além disso, o trabalho da linguagem, segundo Sacks (2010) e Pires (1997), convocados para salientar a posição dos afásicos e seus percursos singulares na organização da linguagem, é levado em conta e discutido.
Palavras-chave: Neurolinguística discursiva; Afasia; Afásicos - Linguagem; Fala; Análise da conversação.